quinta-feira, 7 de julho de 2011

So long, farewell, auf wiedersehen, adieu!

Bom, minha gente. Pra quem me acompanhou até agora (meus amigos, basicamente), essa minha etapa de sabático terminou. Foram quase 9 meses de estudos, diversão, viagens, descoberta do frio intenso, do frio moderado, do calor intenso no Mediterrâneo e de uma lista interminável de coisas que vi aqui além das variações climáticas.

Agora vou partir pra próxima etapa. Pra quem pensava que era voltar pra São Paulo e alugar um apezinho na Pompeia, trabalhar em Pinheiros, beber uma birita na Vila Madalena, curtir um cineminha na Augusta.... well, não será desta vez. Não que eu não os ame a todos e não morra de saudades de passear pela Turiaçu em dia de chuva. Mas eu decidi ficar em Barcelona por pelo menos mais um ano. O tempo de fazer um mestrado em Marketing. Sim, os estudos continuam e a curiosidade só aumentou. Me encantou todo esse mundo da comunicação das marcas e agora, além de saber o que vem por aí, vou partir pros mecanismos todos, pra dentro da cabeça do cliente.

E aproveitando isso, vou passar o Movida BCN pra uma nova casa. A partir de hoje, estarei AQUI. Vou continuar falando do que vejo, por onde passo, mas com novos ares. Afinal, eu mudei um pouquinho. Agora, nove meses depois, eu entendo catalão, por exemplo. Ou eu falo um espanhol melhor. Ou talvez me aprimorei no portunhol! Ou quem sabe sei andar melhor de bicicleta. Sou garota de praia, também. Posso boiar no mediterrâneo, além do Atlântico Sul de sempre. E além do mais, sou uma coolhunter pós-graduada! Ãham, por essa vocês nem esperavam.

O que fica aqui é: valeu cada minuto, cada sofrimento, cada dia frio chorando na cama. Porque sempre vem algo muito legal depois. Se você me pergunta se vale a pena sair aí do conforto eu volto a dizer que sim. Mas também ficar no quentinho e no certo é gostoso, isso vai de cada um. O que eu procuro pode não ser o que você procura, não é? Tenho amigas indo pro segundo filho e minha mãe me olha e diz: veja só onde você podia estar.

Eu te digo, estou exatamente onde quero estar.


quarta-feira, 29 de junho de 2011

Discutindo o fracasso

Mais uma vez, graças à Gaia Prado, minha amiga, eterna companheira de apê e que sempre está em sintonia comigo nas coisas do mundo, encontrei vídeos interessantes que valem a pena espalhar por aí.

Dessa vez foi uma série de vídeos no VIMEO com as pessoas mais influentes do mundo da comunicação de hoje falando sobre o medo do fracasso. Então foram convidados o Milton Gleiser, Stefan Sagmeister (sempre ele), Paulo Coelho e muitos outros para falarem da sua ótica do que é fracasso e como eles fizeram para superar o medo de fracassar. Essa série é criação da Bergh's Exibition 2001, (que como a OFFF que aconteceu aqui em Barcelona), é uma conferência que reúne a maioria das cabeças pensantes e producentes para palestras e discussões sobre um tema específico.

Ouvir esses caras me ajuda muito. Pra começar, meus ídolos da vida: Milton Gleiser e Stefan Sagmeister. Fodões do design mas além de tudo, pessoas que expõem seu estilo de vida. Se não fosse pela conferência do Stefan no TED, eu provavelmente não estaria aqui. Eu me lancei numa vida oposta da que eu tinha porque um austríaco, designer e que curte tirar sabáticos para pensar melhor, me disse que era bacana. Eu me lancei sem medo de fracassar, afinal. E esse ano sabático foi sucesso total.

Agora que decidi não voltar, estou com uma dezena de projetos na cabeça que está na hora de botá-los em prática pra colher os frutos do que estudei, das tais sementes que plantei nesse inverno. E bora não sentir medo de fracassar, a fórmula tem que ser igual à anterior, é pra frente que se anda.

Vale a pena escutar esses caras, fuçar nessas páginas, pra injeção de ânimo, pra entender que todos esses caras são o que são porque se lançaram pro desconhecido algum dia.

domingo, 26 de junho de 2011

Sant Pol de Mar




Os imaginários têm dessas. Uma prainha de pedrinhas e não areia, com um mar de vários tons de azul, com água tão transparente que você pode ver tudo de cima e debaixo d'água. Ao redor, casas pintadas de branco, subindo por ruas apertadinhas de paralelepípedo. É assim que eu imaginava as cidades de praia do Mediterrâneo e foi assim que vi Sant Pol de Mar.

Já fui três vezes em diferentes épocas do ano. Fomos em março, em abril e agora em junho. Da primeira vez ainda fazia muito frio. Fomos à praia e não aguentamos o vento. Da segunda, já de biquini, mas sem coragem de entrar no mar. Ontem fomos de farofa, canga, biquini e tudo que tínhamos direito para passar o dia olhando pro oceano. E sempre terminamos o passeio com uma paella, afinal, o melhor lugar pra se comer marisco é à beira mar.

Pra chegar lá, imagine aquele passeio de trem ladeando a praia, e vem aquele momento em que só há rocas e parece que vamos cair do trilho prum mergulho. Descemos na estação já quase prontos, não precisa andar muito pra encontrar seu lugarzinho ao sol. Ou, do outro lado do trilho, a cidade oferece seus restaurantes e um passeio pelas ladeirinhas. E só a quarenta minutos de Barcelona sentido Mataró.

No verão, vale a pena sair um pouco de Barcelona, porque de verdade, a cidade não tem as praias mais bonitas e é meio pecado dizer que isso aqui ô ô é um pouquinho de mediterrâneo, iá iá. É gostoso, óbvio, estar lagartixando em suas praias. Mas pra admirar, hay que tomar un tren!








terça-feira, 21 de junho de 2011

"Passar de ano" e seguir em frente

Sábado passado apresentei meu trabalho final de curso para os professores. A tal fragrância da Hermès.
Cara, eu fiquei com as pernas bambas, achei que ia começar a fazer xixi na calça (desculpa a expressão, mas era realmente o que eu sentia), achei que ia pagar o maior mico.
Bom, foi que apresentei e aí rola aquele momento de esperar pelas críticas. Eu esperava coisas como "ah, o design tá incrível, óbvio que se trata de um profissional, mas a idéia, tsc. tsc". Claro, a ideia e o storytelling eram basicamente meus e eu já estava me pichando por dentro. Mas não. Os comentários foram muito mais positivos. Aliás, foram incríveis, variavam entre conciso, brilhante, bem feito, e por aí vai. Fiquei muito, mas muito feliz. Dar um desfecho quase perfeito para algo é muito satisfatório.
E daí eu pensei que tudo que termina, podia sempre terminar feliz, né? Ou com um final minimamente satisfatório. Namoros sem um machucar o outro, sem ódio, sem rancor. Demissões sem aquela coisa de "já vai tarde, leve suas coisas até amanhã ao meio-dia".

A verdade é que tenho tentado aplicar para quase todas as coisas as lições da Brené Brown e que vou de coração aberto, dando o meu melhor, pra tudo que eu fizer. Se deu certo, como o trabalho final, vou ser muito feliz. Se não der tão certo assim, se eu amar mais do que sou amada, se não me contratarem praquele trabalho superbacana, bem.... estarei sempre tentando. Um dia sou sim correspondida, um dia vai sair o trabalho dos meus sonhos. O segredo tá na paciência e na sabedoria de manter o peito aberto e cheio de amor, não de rancor. Eu tento me alegrar na experência de ter vivido isso ou aquilo. Foram momentos únicos que me enriqueceram. E não adianta ter saudade, ok? Saudade é bom, mas não pode guiar a sua vida nem suas escolhas. Geralmente temos saudade de tempos que já passaram e exatamente por serem passado, nunca existirá igual.

Eu lembro de um carnaval em Caxambu. Um dia, voltávamos pra casa metade do grupo e paramos em um bar pra comer uma canja (sim, é Minas Gerais, gente) e o barzinho tinha um cara tocando violão e cantando, no palco. Não lembro exatamente porquê, mas dois amigos subiram para cantar com ele, e uma dançava no palco. Eles fizeram a diversão da madrugada de um barzinho que estava aí pra servir canja e nós, sentados na mesa, ríamos da situação insólita de uma noite divertida de carnaval. Isso foi no primeiro dia. Nunca mais conseguimos encontrar aquele bar pra levar o resto da turma, por mais que tenhamos procurado muito. E se tivessemos encontrado, não ia ser tão divertido como foi daquela vez.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Enquanto isso, na Catalunha...

Neste momento, muita coisa acontece em Barcelona. Na minha vida e na cidade inteira.

Pra começar, comigo mesma. Istambul foi uma viagem incrível onde tinhamos que tirar inspiração pro nosso projeto de final de curso, que consiste em: criar uma fragrância (real) para a Hermès de uma de suas linhas de perfumes. Temos que fazer toda a concepção gráfica, palheta de cores, música e voz de publicidade, publicidade online, de revista, enfim.
Aí que, afortunadamente, tenho parentesco com um dos melhores designers de packaging do Brasil, o Daniel Innarelli. Os professores num tavam realmente pensando que eu ia fazer uma aquarela à mão e passar pro meu PC sem photoshop, sem memória, sem vida, sem nada, sozinha, né? Trabalhamos juntos as ideias, eu fiz o storytelling do produto e a concepção geral e afinamos juntos pra criação gráfica ser feita por ele. A apresentação é amanhã. Gulp.

Ainda na minha vida e que tem a ver com a cidade. Começou ontem o Sónar, festival de eletronices (música eletrônica, congressos de mídia e música 2.0...). Ontem mesmo fomos, eu e Tati Tacla e aproveitamos de tudo que nos ofereceram. Começamos pegando a credencial e fizemos um giro por todos os palcos, para nos situarmos. Nesse passeio, fotografamos muita gente. Definitivamente a música era um mero detalhe, as pessoas estão cada vez mais loucas por serem vistas. Tinha uma dupla de amigos vestidos de maratonistas dos anos 80 que não só escolheram seu melhor ângulo como atuaram para serem fotografados. Um fingia correr, outro, alongar. Anos 80, anos 80, anos 80. Me senti tão ultrapassada por não vestir retrô, nem ter feito nenhum penteado, nada. Passamos pelas conferências de novidades da música, de aparatos eletrônicos, de mídias. Passamos por dois shows, um do Nicolas Jaar e outro do The Brandt Brauer Frick Emsemble. Geniais. O último especialmente, porque era uma orquestrinha com harpa, violino, violoncelo, percussão. Pra mim, que sou totalmente leiga em música eletrônica, ver todas essas propostas é interessantíssimo.

E aqui na cidade de Barcelona, segue a luta dos Indignados acampados na Praça Catalunha. Eles tentaram recentemente entrar no Parque da Cuitadella, onde fica o Parlamento Catalão, para impedir a entrada dos deputados. Eles reinvidicam um monte de coisas mas fundamentalmente ecoam o apelo para uma Democracia Verdadeira (real).
E, como em todas as partes do mundo, a partir do momento que eles "ameaçaram" o governo, a polícia entrou em ação. Eu estava vindo da praia essa semana e passei em frente. Havia um cordão de policiais em todo o contorno do parque, separados uns dos outros por 2cm. O ar era tão tenso, o silêncio podia ser visto e tocado. Um menino grafitava no chão um Smile para cada soldado, acompanhado pelos olhares de todos os mossos d'Esquadra. Parecia aquela parte do Billy Elliot em que a polícia persegue o irmão do Billy por ser um líder sindical chegado a um riot. Mas, uma das coisas mais comentadas, foi a entrevista do Eduardo Galeano, jornalista/escritor uruguaio, que esteve por aqui acompanhando a acampada BCN de perto. Todo o mundo postou e virou fã dele de cara. Vale a pena perder 10 (!!) minutos pra escuta-lo.


segunda-feira, 30 de maio de 2011

Mágica Istambul



A sensação de que eu ia ver um gênio saindo daquelas tantas lâmpadas, ou dobrar a esquina e encontrar o Aladin, era iminente. Istambul é uma cidade de ruas apertadas, ladeadas por vendinhas de sucos de frutas, de sorvete turco e principalmente, de cacareco com os tradicionais olhos turcos/gregos, lâmpadas, copinhos para café, doces, perfumes. Tudo tudo para você ver, degustar, tocar, cheirar. Tudo é experiência nessa cidade.
O passeio experimental começa no ônibus aeroporto-praça Taksim. A menina ao lado, toda aparada por bolsa, carteira, trenchcoat Luis Vuitton. Tenta com o pouco inglês que tem saber de onde somos, o que fazemos em Istambul e dá suas dicas: Istambul is an exciting city. E percebi isso assim que desci do ônibus. Exciting AND chaotic. Me lembra muito aquela cidade de onde venho. O ônibus pode passar por cima de você sem qualquer cerimônia.
Chegamos ao hotel, deixamos as coisas e já saimos de caminhada. Descemos toda Beyoglu até a ponte de Galata. Lixo na rua, gatos e mais gatos comendo os restos, as gaivotas gritando no céu, a verdade é que estamos numa cidade portuária. Muitos turistas pela rua e já não sabia qual era a língua nativa, de repente eu achei que já entendia o turco e tinham uns brasileiros atrás de mim.
Lá embaixo, na beira do estreito de Bósforo, pescadores, pássaros, barcos, barracas de peixe. Alguns barcos e restaurantes não conseguem chamar mais atenção: neon, música alta, luzes, luzes, kitsch total. Aí mesmo, senti a energia da cidade, ela circula pelo Bósforo. É algo mágico, é algo misterioso. Te faz querer se perder pelas ruas onde os gatos parecem estátuas, pendurados nas marquises, gordos, reinando.
Paramos para comer num desses restaurantes na beira-mar. Peixe e salada, petiscos enfarinhados para quem podia comê-los. Eu adorei minha escolha, peixão inteiro, carne branquinha e fresca.
Na volta passamos pela Istiklal Caddesi, a famosa avenida da Independência, que é total para pedestres mas que as vezes um táxi cruza e tenta te matar. Lá sim notamos o ocidente nas lojas Lacoste, Mango, Sephora e Starbucks. E lá também vemos mais mulheres sem véu. Ou mais mulheres e ponto. Porque no geral, homens em grupo nos cafés, homens em grupos conversando.
No dia seguinte acordamos cedo e o tempo continuava chuvoso. Fomos para o Palácio Dolmabaçe logo pela manhã e encontramos uma noiva turca tirando fotos com a vista do palácio/beira do bósforo. Notamos que as meninas lá ainda estão no estilo Amy Winehouse de cabelo, muito volume, muita maquiagem. De lá, fomos todos ver as galerias de arte da cidade, todas com exposições da nova arte turca. Eu achei bem expressivo, mas meio perdido, sem muito contexto com a cidade.
De tarde, Mesquita Azul, Ayasofia e Grand Bazaar. O primeiro, cheiro de chulé e machismo latente: homens no quadrado enorme do centro, mulheres renegadas ao pedacinho do lado da porta. Sinceramente, sorte delas, estavam no lugar mais ventilado. Porém, lindo de se ver, cores, desenhos, arabescos, madre-pérola. O último, nosso destino preferido: compras com pechincha. O mercadão é lindo, cheio de informação visual e também de falsificação. Daí vi que de repente a menina Luis Vuitton que conheci no começo da viagem tenha dado uma passadinha por lá. As bolsas são perfeitas e até eu tive vontade de comprar. O mais impressionante é a inteligência desse povo, eles identificavam que conversávamos em português e já começavam a nos chamar na nossa língua.
Depois da prática mercadão, nosso último exercício de reconhecimento foi o passeio de barco pelo Bosphorus. Não é bacana em dia de chuva especialmente se, como eu, você sofre de labirintite. Nem tirei fotos porque me concentrava num ponto fixo no barco. Mas consegui ver o lado asiático, Anatolia, que me encantou demais. Florestas de pinheiros, casas de madeira na margem com seus deques. Mais momento mágico do oriente, podia viver lá com os gnomos.
Depois disso tudo, precisava voltar pro hotel. Era muita coisa pra ver e sentir num dia só, precisava de um mês pra absorver tudo. E, no dia seguinte, fomos embora. Só deu tempo para uma voltinha pela praça Taksim, comprar o último chaveirinho de olho turco e entrar no táxi a caminho do Ataturk Airport. Essas 48 horas valeram demais. E te deixam um gostinho de quero mais, de alongar o passeio pra Israel, Síria, Líbano, Grécia, Balcãs...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O dia que conheci Marylin

Pessoal, não vou fazer muito segredo aqui. O meu sabático está acabando e o dinheiro que previ pra esse ano também. Estaria ok se eu realmente fosse pegar aquele avião pra voltar pro Brasil mas muita coisa aconteceu, de maneiras que eu nem desconfiava, porque eu jurava que não ia querer ficar aqui nem por euros. Mas eu me apaixonei pela cidade, por um moço lindo e divertido, eu estou num ritmo de vida mais feliz e queria tentar ir ficando por mais um tempo.

Daí que isso pede por mais dinheiro. E é aí que minha saga começa.
Eu estou enviando currículo pra todos os tipos de trabalho que vejo como possíveis para desempenhar: professora de inglês, garçonete, funcionária de loja, secretária bilingue, produtora editorial, camareira de hostel, mocinha do café, repórter para o Brasil e muitos outros afins. É aquela história, jornalista formada, com anos de experiência em produção editorial, pós-graduada em tendências de mercado AND.... pennyless.
E numa dessas me responde Marylin. Hi Tina, can I call you to make a quick interview on the phone? Calaro, call me anytime! Era pro anúncio da Loquo que pedia por uma menina que fosse bilingue (espanhol/inglês) e soubesse o pacote office para ser secretária de empresário. Esperei um dia inteiro e Mary me liga no dia seguinte, num inglês impecável e fazendo perguntas pertinentes, como se eu poderia trabalhar part-time, o que eu estudava na pós, se eu entenderia o sotaque cockney do chefe, se eu entendo catalão e por aí vai. No final, me disse em bom mineirês, detectado right away: Ói aqui, eu acredito que você saiba espanhol e entenda catalão porque também sou brasileira, sabe? Vou te ligar mais tarde para confirmar uma entrevista pessoalmente com o chefe.

Ok. Bacana, quem sabe a Mary me recomende mais porque somos paisanas, eu devia ter dito que sou filha de mineiro, enfim. E ela me ligou. E se apresentou como Marília. Tá. Ir em meia hora pro endereço tal porque o chefe quer me ver. Eu já tinha ouvido falar na rua que ela me passou, é simplesmente uma das mais chiques de BCN, só coisas de altissimo padrão, tanto lojas como restaurantes e hotéis.
Corri feito uma louca, morrendo de medo de chegar suada e descabelada. Encontro a rua famosa e começo a procurar por lugares com cara de escritório. No alto da minha inocência, nunca tinha me tocado que poderia ser naquele hotel design foda no final da rua. Era lá. Era lá, era lá. Tá certo, mega empresários fazem reuniões em hotéis, né?
Entro no hotel e todos meio que fazem aquelas saudações e fique a vontade por favor, desça até o restaurante onde te esperam. Na ponta da escada, ela. Marília, nome de guerra, Marylin Starling. Loira, decotada, cajal, rimel e tudo a que tinha direito. Me recebe com amor de conterrânea mesmo, me levou até o sofazinho, queria conversar e saber de mim. E eu só queria perguntar uma coisa: Mary, pelo amor, do que se trata esse trabalho, mesmo? E ela deu voltas, e voltas, não sei o que é, o quanto paga e só sei que comigo você não trabalha, são escritórios diferentes. Ãããããnnnn, sei. Liga O chefe. Podiamos adentrar o recinto do piano-bar. Quando vejo The Boss, momento tremedeira. Ele não era aquele inglês engravatado e loiro. Tá ligado no Snatch, filme do Guy Ritchie? Então. Daí eu me senti num filme, só faltava aparecer o Vinnie Jones. Bem, o Paul era bem alto, bem musculoso, com a camisa bem justa e com os braços bem tatuados. Também usava um óculos a la D&G na cabeça.
Eu tremia tanto pra entregar o curriculo,- (por insistência da Marilia, porque ele disse que tudo o que precisava ver e saber já estava lá na sua frente), que eu acho que ele percebeu que tipo de trabalho eu tava procurando e que de repente não era o que ele oferecia. Daí ele começou a falar coisas non-sense, que precisava de alguém que já tenha uma fonte de renda, porque na verdade nem vai pagar muito, e que eu provavelmente estava procurando algo pra pagar as contas e que realmente não me encaixava no perfil que ele buscava. E eu concordei com tudo, não mesmo, tô fora, não vou escrever um livro como o da Bruna Surfistinha anyway, mate.
Agradeci, levantei e saí com a dignidade intacta e ainda fiz a amiga da Mary, soltei um "qualquer coisa me liga".

Na volta, de bicicleta, eu ria compulsivamente. Talvez pelo nervosismo, ou pela situação insólita, ou pela minha inocência completa aos 32 anos. Agradeci a Deus por não ter sido forçada a um teste do sofá e por ter conhecido um suposto gangsta-pimp mais simpático possível.

Mas a saga continua! E o verão ainda nem começou. Certamente alguma coisa encontro por aí, que seja pelo menos remunerado e minimamente licito.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O verão chegou!


Posso estar comemorando antes do tempo, mas essa semana tem um cheirinho de verão no ar... Deu pra sair de vestido sem meia por baixo e não sentir nenhum ventinho frio. Escancaramos janelas, suamos andando de bicicleta, dormimos sem edredon.

Me faz recordar o que é viver no verão e daí deu saudades de casa. Da chuva que vem depois do calor abafado, de andar descalço nas ruas de terra batida de Caraguá, Ubatuba, Ilhabela, Parati, Ilha Grande. Do cheiro de jaca empesteando a trilha. Das cachoeiras de águas geladas e as pedras quentes. Dos passeios de barco, da transparência da água quente do mar, de ver os peixes, a exuberância do verde das árvores. Dos coqueiros. Da água de coco, abençoada. Dos petiscos à beira-mar. Das viagens com os amigos pra esses lugares, de ficar conversando na areia, no mar, de nadar junto, de fazer trilhas. Das picadas dos borrachudos, do pé inchado, da marca das tiras do chinelo. De tomar caipirinha e depois dormir embaixo da sombra das árvores, de parar em um PF e comer arroz, feijão e peixe. Da simplicidade dos locais. Dos cheiros todos, de protetor, de bronzeador, de after-sun antes de dormir, todos roxos, se doendo, se não tem Caladril, coloca Maizena!

Vivi isso a vida toda e de repente, tô em outro hemisfério, vendo outras paisagens. E sinceramente? Me sinto muito sortuda. Foi um presente ter vivido tudo isso.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Destinos sem glúten, aplicativos para celular e melhor blog sobre o tema até agora



Na semana passada recebi dois links de serviços para celíacos aqui na Espanha, que ainda não sei se me convenceram no quesito funcionalidade e veracidade. Ou seja, será que funcionam pra valer e será que entregam o que prometem?
O primeiro, um site de busca de destinos sem glúten, (http://www.destinos-singluten.com/index.htm). Hotéis, restaurantes, tudo para suas férias gluten-free. Até cruzeiros com a máxima garantia que a cozinha opere sem contaminação.
O segundo link que recebi falava de um aplicativo pra smartphone,  (http://zonatecnologia.es/novedades/aplicacion-para-celiacos-en-tu-movil), chamado MobiCeliac, que disponibiliza uma lista de produtos livres de glúten e onde encontra-los, seja em supermercados ou restaurantes. O aplicativo também dá informações atualizadas sobre a doença, novas descobertas e por aí vai.
Gostaria de testar esses serviços, mas não tenho tablet ou smartphone, uso coisas pouco smart no quesito tecnologia. Mas, se for pra valer, vai ajudar muito, mas muito mesmo, na hora de escolher um restaurante ou até mesmo um hotel para ficar. Experiência própria: em Paris, o hotel que fiquei não tinha opção para celíacos nem intolerantes à lactose. Em Londres, eles até tinham, mas eram mal informados. Colocaram bolinho com farinha normal ao lado do sem glúten com a plaquinha no meio dos dois. Ou seja, não dava pra saber. Se eu não tivesse perguntado, comia o bolinho com farinha de trigo. Em relação à companhias aéreas, a TAP foi perfeita, me fez todos os menus gluten-free, seguríssimos.

Mas se existe um lugar que é seguro mesmo para se comer livre de glúten é em casa. Então, melhor se cercar de dicas, receitas, blogs de pessoas que passam pelo mesmo que você passa diariamente. Não é uma vida nada fácil mas, tudo é questão de costume e conseguimos esquecer que temos que seguir uma dieta especial.
O blog Gluten Free Girl and The Chef http://glutenfreegirl.com/ é um desses blogs que você se apaixona por tudo, pela fotografia, pelas receitas, pelos próprios personagens e suas histórias. É de uma menina que descobre que tem a doença celíaca e um monte de intolerâncias e se casa com um chef. A partir daí ela começa a se dedicar a escrever sobre o assunto e ele a descobrir maneiras de cozinhar para ela. Juntos, escreveram muitos livros e têm esse blog delícia que sempre tem uma receita com uma história deliciosa de ler. Vale a pena ler o que ela conta, como a dieta mudou a vida dela.

Para mim, a luta e a busca continuam! Esse mês de abril fez um ano que diagnosticaram que sou celíaca e ainda tem tanta coisa para descobrir e mudar na minha dieta. Minha vida mudou para melhor mas ainda tem chão para eu desvendar tudo que existe sobre viver sem glúten.

sábado, 23 de abril de 2011

When in Lisbon...

Que delícia é estar em Lisboa.
Eu consigo matar quase todas as saudades que tenho do Brasil estando aqui. Comida brasileira, som do sotaque brasileiro, música brasileira, gente brasileira, manicure brasileira, essa, foi a salvação do meu feriado, enfim.... tudo da terrinha sem ter que ir até lá.
E, fora tudo isso, tem Portugal! Tem o vinho, os doces, o bacalhau em dezenas de pratos, tem o Tejo, o Bairro Alto, o Chiado, os bondes, a simpatia, a arquitetura. Enfim, Lisboa pode ser a cidade completa.
Li num artigo ainda essa semana, os melhores hostels estão aqui. Acho que as pessoas meio que não contam muito com Portugal na hora de tirar férias, preferem bater direto na rota Paris-Londres-Milão, mas o país investe muito em turismo de qualidade.
Tirando os prazeres de estar aqui, tem também a parte de que é a primeira vez em pelo menos 8 anos que não passo um aniversário com meus pais. Está sendo incrível, meu pai ama um passeio turístico, minha mãe ama um passeio de compras. Apesar da crise toda (Portugal tá falido e terá que receber ajuda do FMI), conseguimos comer fora, tomar um vinho, comprar um mimo, ir ao cinema. E todos estão fazendo o mesmo, a cidade está cheia, de locais e turistas, todos curtindo, comprando, aquecendo a economia.

Numa próxima temporada, não virei mais a Lisboa, meus pais se mudam ainda este mês para o Algarve, a costa sul de Portugal, com praias incríveis, considerada a costa azul daqui. O charme e a graça lá vão ser outros, mas acho que vou sentir falta de olhar e caminhar por essa cidade encantadora, que pode ser até meio decadente, mas é, sem dúvida, uma "decadence avec elegance".

domingo, 17 de abril de 2011

Saindo sem glúten e o dia em que todos vão se conscientizar



Fui a um restaurante essa semana passada chamado La Cereria. Fica no bairro gótico, aqui em Barcelona, uma zona muito antiga de ruelas meio medievais e o bar/restô tem um charme de taverna antiga. Antes de mais nada, não sei se já falei isso antes mas, desde que cheguei, a evolução da Catalunha em relação à conscientização da alimentação sem glúten foi enorme. Pode ser que cada vez eu conheça melhor a vida em Barcelona e encontre cada vez mais opções, mas não só isso, tenho visto nos supermercados de sempre que os produtos vêm trazendo a informação de "sem glúten" ou "contém traços de glúten".

Enfim, La Cereria. Clima de taverninha. Mesas de madeira, luz baixa (o que eu amo, odeio luz branca na cara na hora de comer, especialmente quando se está em casal). Cardápio, tchanananan. Avisos legais: a pizza leva trigo mas as crepes são feitas de trigo sarraceno, apto para os celíacos, muitas opções vegetarianas e muita salada. Enfim, mais um prato que achei que nunca mais ia comer, crepe. E sou super crepeira, tive meus momentos felizes lá no meu querido bairro da Pompeia, no Central das Artes, meu ponto de encontro de aniversários e afins.

Voltando a Barcelona, La Cereria. Crepe de abobrinha com cogumelo e queijo e veio com uma saladinha de lado. Preço médio, 10 euros. Tá ok, porque a crepe é grande. E com uma taça de vinho da casa, por 2,50 euros, o jantar está completo. Fora essas opções, pra não celiacos tem as pizzas, que são feitas com ingredientes orgânicos, sanduíches com pães integrais e para todos, as saladas. Foi um jantar bem feliz, até porque, pelo preço de uma coca-cola quase, tomei duas taças de vinho, o que é mais que suficiente pruma balzaquiana.

E hoje, passeando pela feira da Terra, que ia do Arco do Triunfo ao Parque da Ciutadela, muitas barraquinhas de produtos ecológicos e tinha a barraquinha também dos produtos sem glúten. Não comprei nada, mas tinham bolos, brownies, tortas. Fiquei morrendo de vontade e voltei correndo pra casa, porque a Priscila fez um bolo de cenoura com farinha e fermento sem glúten pra mim, delicioso. Outra sensação indiscritível da semana, comer um bolo recém-saído do forno, aquele cheiro de massa quentinha, que também pensava que nunca mais ia comer!

É por isso que digo, hei de comer um Big Mac sem glúten ainda. Daí sim minha lista de sonhos celíacos estará completa.

Servicinho:
La Cereria
Baixada Sant Miquel, 3-5
Bairro Gótico, BCN

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Córsega




Quando cheguei a Barcelona, vim para uma casa onde uma amiga já morava. Ela ia se mudar pra casa do namorado e ia deixar seu quartinho pra mim. Quartinho mesmo, ele deve ter 3x1,70. Mas, muito aconchegante. Difícil é receber visita, não rola colocar um "colchonetezinho" no chão, porque simplesmente não sobra muito chão livre!
De qualquer maneira, esse é o quartinho da Córsega. Chamamos assim o apê. Córsega é a rua que moramos, onde a zona é toda cheia de nomes como Sardenha, Sicilia, Nápoles, Provença, pertinho da igreja da Sagrada Familia, no bairro do Eixample (que eu amo amo amo e apesar de longe do centro, vale a pena morar!).
Meus companheiros de piso (apê daqui) são Diego, Loli e Cati. Todos argentinos, todos portenhos. O Loli e Diego são amigos de infância e a Cati veio por indicação de um amigo do Diego. Talvez por essa coisa toda de indicação, amigos de amigos e tal, parece que somos uma família e que nos conhecemos há anos. Eu acho que tem o fator identificação, por sermos sulamericanos, vizinhos, hermanos, passamos férias um no país do outro, essas coisas todas. Mas também tem o fator carência: tamos todos longe de casa e sem a família, por que não criar um núcleo familiar entre amigos?

Obviamente é muito dificil morar com outras pessoas e já disse isso aqui. Eu, por exemplo, vivi absolutamente sozinha por 8 anos, usando o banheiro na hora que bem entendesse e deixando a cozinha um caos pra faxineira fazer mágica no dia seguinte. Chegar e viver com dois meninos, uma menina e sem faxineira foi, mmmmm, duro (pra ser educada e não falar palavrão nesse horário). Mas... tem momentos que compensam muito, como o de ontem: chegar de saco cheio da faculdade por causa da entrega de um trabalho que tava péssimo e ver todos aqui, sentados na sala e interessados no que eu tinha pra contar e principalmente, interessados em ajudar.

É o que diz o ditado, conte suas bençãos. Não adianta a gente só olhar pro pior de cada situação. Eu estava nessa toada e isso me consumia, não queria mais viver com ninguém, estava pronta pra virar eremita no alto da montanha. Mas tenho certeza absoluta que a experiência Córsega me acrescenta mais a cada dia, tá me fazendo uma pessoa melhor porque aprendo coisas novas o tempo todo. Aprendo sobre mim, sobre morar com alguém, sobre dividir, sobre formar família.

Ah, o link lá de cima é um videozinho sobre a nossa casa Córsega, feito pela Cati de Feo, que é uma superfotógrafa.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Chegou a primavera, chegou abril!


Olha só que sorte. Na foto acima eu saí sem meias! E somente com um casaquinho! Feliz! Primavera chegou!
E chegou o mês de abril. Bom, além do inferno astral, eu já estava meio de bode de tudo. Aqui pode não fazer frio intenso mas é frio constante. Aquele ventinho frio soprando na sua orelha todo santo dia. E tem a praia. Vai na praia tomar um golpe de ar, uma golfada de areia nos olhos e aquela ideia linda de praia vira a hora do terror; prefiro chá e aquecedor.

Mas essa semana não. Desligamos a calefação da casa pela primeira vez em uns 5 meses. Abrimos as janelas por mais horas e o sol está batendo nos quartos, na sala. Dá pra usar camisetas. Hoje reparei num relógio de uma colega da classe e ela disse que o usa sempre. Obviamente eu nunca nem tinha visto seu braço.

O pesadelo Berlim está looonge, há longíquos 5 meses de distância e começo a ver as árvores florescendo, parece que de um dia pro outro tudo muda. Fora o santo horário de verão, totalmente diferente do que estamos acostumados do lado de baixo do equador. Você acorda as 7 da manhã é tá o maior breu. Mas pode ficar na praia até as nove da noite.

Aí que em 20 dias fico mais velha e tudo bem, já foi-se o tempo que eu chorava por isso. Melhor parar e contar as bençãos, são 32 anos de muita coisa boa. E quero pular sete ondas, já que é meu reveillon particular!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Façamos, vamos amar

Quando eu fui estudar na Inglaterra em 1997 eu tinha 17 anos e basicamente não sabia nada da vida além do bairro onde eu morava, estudava e onde tinha meus únicos amigos da vida toda. Daí fui morar com uma família inglesa que eram mãe, dois filhos de 5 e 7 anos e uma estudante japonesa de 28 anos. Os meninos de cara subiram no meu pescoço, competiam pela minha atenção, pegavam na minha mão para me mostrar a casa, enfim, crianças normais. A Sanae, a outra estudante, já estava na casa havia uns meses e ria, educadamente com as mãos à frente da boca, de toda essa excitação dos dois. E me confidenciou naquele momento que achava esquisito eu abraça-los de volta com tão pouca intimidade, porque de onde ela vinha, ela nunca abraçava as pessoas, nem mesmo seus pais, e que o primeiro beijo que ganhou foi no rosto, e lá mesmo, na Inglaterra.

Ok, parece mentira, mas não é. A gente tem que levar em consideração que a Sanae era uma pessoa muito fechada, independente da sua criação. Ela se vestia somente com roupas de inspiração romântica, cores pastéis e temas florais, porque ela acreditava realmente viver num filme do século 18. De qualquer modo, ela foi de longe minha melhor amiga nesse meu período, porque apesar de sermos muito diferentes, aprendemos muito uma com a outra e consegui fazê-la abraçar mais as pessoas, e ela conseguiu me fazer ser mais respeituosa com quem quer que seja, incluindo gatos. (Eu não gostava deles na época).

Aqui, eu tive uma outra experiência com o abraço. Uma colega catalã não tinha aparecido na aula por uma semana e quando a vi, fui lhe dar um abraço. E ela ficou roxa, simplesmente não esperava que eu fosse abraça-la. Começou a rir compulsivamente. E me disse: desculpa, não esperava por essa. E eu que tive que me desculpar por ser latina demais, sair abraçando pessoas assim, que conheço há apenas 5 meses... Mas o engraçado foi que, a partir desse dia, ela se sentiu mais próxima e me contou coisas suas, agradeceu o apoio, me abraçou mais vezes. Coincidentemente, no mesmo final de semana que aconteceu isso, encontrei pessoas na praça da Notredame distribuindo abraços de graça e quase ninguém ia abraçá-los.

Com isso, me lembrei muito de uma amiga de escola, a Dafne, que me dizia que tinhamos que nos abraçar de verdade, com proximidade pra conectar os corações. Te digo que sinto muita falta de abraços de verdade aqui mas que, felizmente, posso trocá-los cada vez com mais frequência. E que é desse amor que eu estou falando quando falo de amor. E não só o romantismo do amor da relação homem-mulher. Eu acredito, eu, Tina, pessoa física, que realmente abrir o coração e amar transcende o "encontrar sua alma gêmea". Aliás, não tem nada a ver com isso. Tem a ver com a oportunidade de distribuir abraços e mudar o dia de alguém, a vida de alguém, como acho que a vida da Sanae mudou depois da passagem dela pela vida daquela família. Eu sinceramente não sei se vejo a vida de forma romântica. Acho que vejo a vida com afeto. (e com açúcar - http://www.youtube.com/watch?v=V-u8WZBcn6w&feature=related).

terça-feira, 22 de março de 2011

sexta-feira, 18 de março de 2011

... e assim foi Paris!

Final de semana passado finalmente fui a Paris para a prática 4 da minha pós. Agora, só falta Estambul que vai ser uma loucura. O trabalho de fechamento de curso, quase no começo de junho, vai estar um calor delícia e estarei na Turquia aproveitando tudo isso.

Paris. Bom, todos sabem que eu tinha aquela impressão de franceses degradados e ladrões metidos a espertinhos e que a minha primeira experiência foi um tanto assustadora. Mas essa segunda não. Não tanto.
Paris é Paris, né? Não é uma das cidades mais visitadas e famosas do mundo à toa. Diferente de Londres, Paris não quer ser moderninha. Ela quer manter o rococó, o neon, o clima Moulin Rouge. Ela quer se manter tradicionalmente francesa apesar de sua multiculturalidade. Então, me surpreendi um pouco com a mudança de cenário, com a riqueza visual, com tantas luzes, com tanto show. Cidade do espetáculo.
Pra começar, ficamos hospedados atrás das galerias Printemps e Lafayette, lá em St. Lazare. No sábado, fizemos o recorrido em grupo (somos 18) pelas maiores lojas, pela loja central da Chanel, onde as costureiras trabalham, na Comme des Garçons, Missoni, Baccarat, e as especializadas em comida Hediard, Fauchon, Ladurée. Vi pela primeira vez um bandage dress de Leger. Na parte da tarde, nos dividimos e nosso grupo foi pesquisar as opções de patisserie em Le Marais. Até encontramos uma loja de crepes japonesa com tema meio de mangá no bairro.
Depois, conseguimos escapar pra dar uma olhadinha na Notre Dame, Louvre e voltamos pro hotel a pé. Essa cidade é realmente muito romântica! Ela é feita pro romance. E os cafés? Sempre cheios, pessoas bem vestidas querendo ser vistas.

E domingo foi uma passada (no sentido espanhol). Nos dividimos de novo e meu grupo tinha que cobrir a Biblioteca Nacional François Miterrand, Les Frigos e a Cinemateca. E tinhamos que cruzar pela passarela Simone de Beauvoir.
Piramos no Les Frigos. Um prédio inteiro que antes era usado como frigorífico da cidade, cheio de cãmaras, que agora são usadas como salas e ateliês para artistas, que pagam um aluguel à prefeitura. Entramos na câmara de um desses artistas, chamado Paella, que nos mostrou tudo. Lá tem espaço para o que você precisar, até pra ter um quarto e dormir. Tem cozinha, banheiro e janelas. A luz entra lá e deixa tudo ainda mais charmoso.

É tudo sempre muito rápido porque além de querer ver a cidade, temos que colher material para nossos trabalhos. Mas esses trabalhos nos forçam ver a cidade por outro ângulo e isso é simplesmente genial. Deixar de ver as coisas como turista e começar a enxergar os pequenos detalhes de comportamento e como vivem os locais, o que fazem na sua cidade, no seu entorno. E isso que está mais valendo a pena pra mim ♥.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Comprando sem glúten nos mercados de BCN



Primeiro momento: Euforia total. Amor à primeira vista. Nuossa, quanta opção, quanto respeito, adoro estar num país de "primeiro mundo".
Segundo momento: Nem tudo é saboroso, os preços podem ser um pouco salgados e nem tudo é bem sinalizado na embalagem se contém ou não glúten.
Terceiro momento: Realmente não dá pra comprar algumas marcas, seja porque o macarrão demora horas pra ficar pronto, seja porque o pão é simplesmente ruim. Preciso testar mais marcas e mais pontos de venda.

Momento atual. Hoje, um dia ensolarado de março na Catalunha. Exatos cinco meses depois da minha chegada. Visitei todas as maiores redes de supermercado e vários mercadinhos de bairro para saber qual marca eu gosto mais, quais têm a melhor relação custo/benefício e qual lugar vende com maior variedade.

Então, pra mim, por enquanto é o seguinte. Mercadinhos naturebas, que existem aos montes por aqui, vendem um apanhado de todas as marcas como Schar, Gerblé e Beiker. São mais caros do que em supermercados. Vale praquele momento de correr até o mais próximo pra comprar o pão que acabou, mas não valem pra compra pra semana toda. O Woki Organic Market tem toda a linha Schar, completíssima, com cereal matinal, bolachas recheadas, macarrão, pão, panini... Mas custa os olhos da cara.

Dos mercados médios, de rede que não são super, eu gosto de comprar no Caprabo, que especifica tudo na prateleira mesmo. E só lá que encontro uma linha de biscoitos de arroz incríveis da marca Want-want.
O Opencor, irmão menor do El Corte, também tem coisas boas a preços médios, como as madalenas da Beiker, o pão de forma mais delicioso mas que só existe no formado embalado individualmente da Santiveri e as pulguitas, pães que parecem o nosso francês, que podem ser ou da Auchan, ou Adpan.

E o vencedor de todos é mesmo o supermercado Mercadona. Nem o Carrefour conseguiu ser tão completo quanto. Eu me decepcionei de verdade com a rede francesa. Esperava um mundo sem glúten e encontrei um par de prateleiras. O Marcadona vende marcas variadas, produtos variados e sua marca própria, o Hacendado, traz nos rótulos as especificações de alergias e intolerâncias. Além de ser de longe o mais barato.

No final das contas, eu acho que no Brasil as coisas eram caras, mas mais criativas. O pão de tapioca, ou o pão de cenoura, eram mais saborosos do que os pães que encontro aqui. No Brasil também há opções de snacks mais saborosos. Deve ser por isso que engordei 5 quilos no primeiro mês de descoberta da doença! 



terça-feira, 8 de março de 2011

Aquecimento Paris II

Eu estou de verdade me dedicando a conhecer a cidade antes de ir. Aprendendo com os erros anteriores, totalmente. Eu cheguei em Berlim sem saber absolutamente nada, tive que andar com meus colegas como uma cega com guia.
Em Londres já consegui ser mais desenvolta, mas perdi tempo em otimizar os lugares por falta de estudo de mapa. Agora, quero saber cada esquininha imperdível antes de ir.
Pra ajudar, encontrei um blog fofura que fala de tudo sobre Paris, moda, comida, bares, cultura e até temas insólitos. É o My Little Paris http://www.mylittleparis.com/ , que tem as ilustras mais lindas, tudo muito parisienne.

Ainda sobre Paris, também vi um doc que está no Youtube que se chama Signé Chanel. São 5 episódios, cada um dividido em 4 partes. Cada episódio fala de uma etapa pré-desfile de coleção Chanel. O mais bacana não é saber sobre o Karl Lagerfeld somente, como também conhecer todas as formiguinhas dos bastidores, das curiosidades. A parte que mais me interessou foi saber que quem faz o trançado pra gola e mangas dos tailleurs é uma senhorinha que vive numa fazenda a 130 km de Paris e a Chanel já enviou mestres em tear para aprender a técnica com ela e ninguém consegue. Só ela sabe!
Enfim, recomendo, tá no Youtube, facinho.

sábado, 5 de março de 2011

Aquecimento Paris



Próximo final de semana vou com a turma da pós para Paris.

Como sempre, serão dois dias apertados em que faremos entrar mil práticas e atividades de observação exaustiva. Essa coisa de analista de tendências te faz virar uma máquina. Não posso dormir sem pensar na próxima da Lady Gaga.

Eu estou muito otimista em relação a visitar Paris. A última vez foi em 1995, muito século passado. Fui roubada e maltratada. Eu fiquei com ódio no coração por muito tempo, tanto que nunca mais voltei. Mas passou e obviamente preciso revisita-la. É Paris, porra! E nada de sentimento de supervalorização em relação à Europa, eu não acho que nasci em Londres.
 É só que antes da gente existir eles já tavam lá fazendo as coisas acontecerem, Joana D'Arc já tinha botado o meio mundo de cabeça pra baixo. É Paris, porra. Fauchon, Ladurée, Colette, Hédiard. Montmartre, Le Marais, Saint Germain, Quartier Latin, Bercy. Louvre, Orsay, Palais de Tokio.  Quero tudo!





terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Top 10 Barcelona


Apesar de ter uma turma achando que tô muito ligada ao Brasil, que não consigo desconectar-me, que fico querendo saber coisas demais da vida de lá, eu tô de fato, curtindo Barcelona adoidado. De repente menos do que poderia, mas mais pelo fator grana. Por mim exploraria a Catalunha detalhadamente, faria todos os cursos de cava (espumante local), bebida que sou fascinada, pelos rincões dessa província.

Mas, como a bicicleta aqui é free, desde que já paguei a anuidade, saio com ela pela cidade e cada dia encontro coisas novas. Decidi assim, fazer meu Top 10 coisas que adoro daqui e que assim possa animar o pessoal a vir me visitar.
A propósito, não é perda de tempo querer ter quem eu amo mais perto por alguns minutos do dia. Querer saber como está, contar de mim, trocar energia um pouco. Me ajuda a recarregar minha bateria e me faz sentir feliz. Felicidade está em muitos pequenos momentos que tenho aqui, virtuais ou reais.

10. O ritmo de vida.
Barcelona e creio que toda a Espanha, tem um ritmo de vida delicioso. Ninguém tem pressa em demasia, ou pelo menos não aparenta. Muitas lojas fecham por 3 horas durante o horário de almoço e eles respeitam muito o descanso. Seja na siesta, seja no verão- quando saem todo um mês.

9. A gentileza.
Claro que sempre vai existir gente mal educada no mundo. Isso às vezes transcende a questão cultural. Mas aqui é muito importante dar bom dia, boa tarde, boa noite em qualquer lugar que esteja. Se você está sentado em uma recepção de hospital e alguém chega pra sentar, tem que saludar. Especialmente os mais velhos. Já levei bronca por isso, por ser desligada.

8. O transporte público.
Aqui funciona. Os trens podem ser antigos, mas não vejo ninguém detonando nada, todos fazem sua parte esperando que as pessoas saiam do metrô pra entrar, os horários são respeitados, as linhas extensas e além de metrô, você chega de ferrocarril, tramvia, ônibus, etc. facilmente. Cidade pequena e que oferece um monte de opção pra chegar onde for.

7. A arquitetura.
Barcelona é o céu dos arquitetos. Andar pela rua e se pegar ao lado de um prédio histórico desenhado por qualquer um dos modernistas locais é muito bacana. Sem falar da experiência Gaudí, que serve pra outro tópico. Aqui tem prédio de todos os jeitos e de várias épocas. A Vila Olímpica, feita pras Olimpíadas, também é linda de se ver. Deu muito certo e fico imaginando se teremos essa experiência no Rio. Acho que talvez não, infelizmente.

6. O f#$&#! do Gaudí.
Todo mundo que vem e visita algum lugar do Gaudí, pira. Ele era um pertubado. Mas um pertubado muuuuito do bem. A Roberta pode dizer melhor e detalhadamente, ela ficou aqui por 80 dias estudando um livro que se chama a Chave Gaudí, que desvenda os mistérios arquitetônicos dele. A Sagrada Família, o Parc Guell e muitos outros edifícios projetados por ele têm um monte de simbologia. Fora a beleza. Mesmo pra quem não entende nada de nada é lindo demais ver o trabalho e a paixão do cara.

5. O Sol.
Aqui raramente chove e, pra uma paulistana, isso pode ser o paraíso. Caminhar mesmo no inverno por ruas ensolaradas te dá outro ânimo.

4. O fator praia/horizonte.
Nem tem comparação com o Brasil. As praias aqui da cidade não são liiindas, não posso mentir e falar que aqui é tão lindo quanto Maceió, Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro e todas as cidades capitais que têm praia que conheço. Algumas praias da cidade são criações, trazem areia do fundo do mar e colocam na beira. Não tem a areia branquinha do Rio. Mas tudo bem. Aqui se vê montanha e praia e se vê natureza. Que SP não tem. Tô mega no lucro.

3. Gràcia.
Digo a todo mundo o quanto me encanta esse bairro. Ele me remete a meu bairro paulista e por isso gosto tanto. Eu sou menina de vila. Gosto de um lugar com ruas bonitas, arborizadas, comércio perto, cinema, gente que se conhece, crianças brincando no parquinho. Bares familiares para se frequentar todo final de semana. Um quê de casa que me faz bem.

2. A liberdade.
A primeira coisa que me chamou atenção aqui. As pessoas não te julgam, não tem olham feio, não te odeiam primeiro pra depois te conhecer. Não tem cara feia no metrô porque você se vestiu de forma estranha. Quem vem julgando é o brasileiro que acha o cabelo da catalã esquisito, os mullets cafonas e por aí vai. Acho que realmente as pessoas aqui olham mais pro horizonte, pro sol, curtem o dia e se esquecem de falar do outro. Ponto pra Catalunha.

1.Bicing! 
Pra quem nunca ouviu falar, aqui tem um sistema de bicicletas para os moradores da cidade. Tem que ser morador, turista não pode. Então o que fazemos é nos cadastrar no site, colocar o RE/RG daqui e pagar uma taxa de 30 euros para ter o serviço por um ano. Te enviam um cartão magnético para sua casa e você pode ir a estação mais próxima, colocar o cartãozinho no visor e aparece qual bicicleta estacionada se pode retirar. Acho que é possível circular com ela por uma hora e daí é só deixá-la na estação que quiser. Eu uso muito para ir a faculdade, à praia e às vezes até pra balada. A cidade tem ciclovias marcadas nas ruas ou nos passeios que separam avenidas. É seguro e os motoristas te levam em consideração, na maioria das vezes!

Eu fui lembrando de tanta coisa que acho que daria um Top 200 Barcelona. Pra quem quer conhecer mais da cidade, ou do estranho amor que temos por aqui, vale dar uma olhada no video do Lucas Jatobá que virou moda. É um cara que agradece à Barcelona pelo tempo maravilhoso que passou aqui soltando balões com convites grátis ao teatro. O vídeo está aqui: http://www.lucasjatoba.com/

Vale a pena sentir essa energia daqui, tá enchendo meu coração de amor, minha cabeça de ideias e meus dias de sol. Eu estou muito bem na vida real, e agradecida à virtual por me aproximar de quem amo e mora longe...









segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O inverno, os ursos e a saudade

Eu me sinto muito ursa aqui. Querendo hibernar, guardando energia pro verão, fazendo toca.

A verdade é que me sinto muito bem em casa, mesmo dividindo o apê com outras quatro pessoas, o que às vezes pode ser muito cansativo ter que dividir banheiro, cozinha, comer junto quando você quer comer sozinha, e por aí vai. Mas ao mesmo tempo tem a parte de conversar na hora do jantar, contar seu dia, ter ajuda na hora de cozinhar, lavar louça, sempre tem o que se propõe a fazer o cafezinho...
Então, às vezes sinto que não preciso sair de casa. Barcelona é incrível e a experiência de sair pra rua é quase mágica todas as vezes, mas tem dias que precisamos ficar entocados. E tenho muito isso. Já tinha em SP mas aqui, com o friozinho constante, ficar debaixo da coberta vendo filme é uma proposta irresistível. Hoje vi Somewhere da Sofia Coppola e tenho mais alguns guardados na manga. Durante a semana, revi O Iluminado. Ótimas companhias, os dois filmes. Claro que o segundo te pertuba um pouco, mas ver Jack Nicholson é demais.

Daí que bate uma saudade de casa no frio. Eu acho que além da saudade física de ter as pessoas perto tem a sensação de pertencimento. Obviamente que a coisa mais legal de morar fora é essa coisa de encarar novas culturas, aprender o tempo todo, conhecer e explorar. Mas tem dias que você só queria sentar numa mesa de boteco no calorzinho e pedir uma caipirinha com mandioca frita e ver os amigos chegarem.

No final das contas, (e faço contas o tempo todo aqui), eu ainda considero meu saldo muito, mas muito positivo. Essa vida que escolhi tem a ver com o meu momento, estar aqui faz todo o sentido pra mim. O caminho que trilhei até agora foi feito pra essa experiência. Se eu tivesse recuado ia ter ficado no famoso "e se...", totalmente frustrada.

Pra quem tá na dúvida: sair da zona de conforto vale a pena. Mas dói. O que a gente tem que pensar é se a dor da mudança é maior ou menor que a dor da frustração e estagnação. Fazer as contas e botar na balança. Sai da vida que não te pertence pra cair na vida que vale a pena ser vivida.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A felicidade de comer pizza de pizzaria



Não sei se vocês têm ideia. Se alguém já se privou involuntariamente de alguma coisa (no quesito comida) e depois teve o prazer de poder come-la sem medo. Com gosto. Com sabor e tudo.

Eu tive aqui em Barcelona. Uma amiga está trabalhando de camarera (garçonete) em um restaurante italiano e veio toda feliz me contar que eles estavam implementando um cardápio para celíacos. Me contou do cuidado com o preparo ser todo separado da massa convencional, e também de como o dono está preocupado em instruir bem todo mundo que trabalha lá, para que saibam o que leva cada coisa, se o celíaco pode ou não pode comer, enfim.

Eu fui duas vezes e realmente me emocionei em poder comer uma pizza de verdade. Até agora eu tinha comido invenções de pizza, pizza feita com pão sem glúten, essas montagens duvidosas só pra fingir que se está comendo o mesmo que todos. Lá não. É só chegar e pedir o sabor que eu quiser e pedir a versão sem glúten e voilá, como igual a todo mundo. Posso pedir também cerveja sem glúten, a Estrella Damm Daura - afortunadamente a melhor cerveja sem glúten é feita nesta mesma cidade - ou vinho, cava. Sobremesa, também versões para celíacos, como pannacota.

Supreme happiness. Aí sim a gente vê que a vida é feita de momentos! Próximo teste será o mexicano com versões para celíacos. Aposto que será delicioso.

Servicinho:
Restaurante Il Piccolo Focone
Carrer Dos de Maig, 268
Metro: L2 Encants

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Amor incondicional e outras histórias

No aniversário de São Paulo escrevi o texto aqui e tentei homenagear a cidade no Facebook durante o dia. E acabei entrando em discussões sobre a relação amor/ódio, sobre como cada um vê a cidade, se deveríamos colocar ou tirar o "óculos cor-de-rosa", como diria uma amiga. Enfim, isso me deixou muito contente. Porque eu adoro discussões. É uma coisa dos meus genes, basicamente. Provavelmente não dos genes de Minas Gerais, esses estão por conta do tutu, pão de queijo e falar mansinho.
Mas eu acho que em discussões a gente sempre chega ao coração do assunto, tudo é discutido, as óticas todas, e claro, as vezes você concorda e geralmente você discorda. Mas pelo menos fizemos o exercício de levantar pontos importantes praquele assunto. Eu sempre me faço de ofendida pra quebrar a dinâmica, rebato com "você deve estar ficando doido!", mas é meu tipo de atuação no grupo. Muitas amigas minhas sacam esse meu jeito e riem da minha cara, mas alguns não entendem que eu tô me fazendo de louca mesmo. Quebrar a dinâmica é bom.
E falando nisso, a Gaia me presenteou com um video da Brene Brown falando pro TED (Santo TED) que vale a pena ser escutado e estudado. O link está aqui: http://www.ted.com/talks/brene_brown_on_vulnerability.html , se chama o Poder da Vulnerabilidade e nessa palestra ela fala sobre conexão, amor e a sua busca, e a de todos nós, para entrarmos em contato conosco e com os outros. E o quanto de coisas a gente coloca no meio dessas relações, de medo da vulnerabilidade, de como os outros nos vêem e como nos vemos e, por isso, nos escondemos atrás de comida, bebida, ódio, etc. Isso tem tudo a ver com o amor e compaixão em relação à sua cidade, a sua vida, a sua sociedade, ao seu vizinho... afinal, tudo começa na nossa aldeia.

E como estou nessa aldeia daqui, de Barcelona, tento praticar o que a Brené fala lá no TED desde antes de ter visto sua palestra, por isso o papo dela me tocou. O que ela diz é o seguinte: 1) Deixe-se ser visto como é, 2) amar de todo o coração, mesmo sem garantias, 3) praticar gratidão e contentamento, 4) e por último: eu sou suficiente,- quando você para de gritar para os outros e começa a escutá-los.

Eu ando tentando praticar isso aqui, sim, e pelas ruas! Eu saio de casa! Não fico só sentada pensando nos fatos da vida, okei? Dito isso, no próximo post eu vou falar da pizzaria com as massas gluten-free aqui do lado de casa, no Eixample, das lojas de chás dos chineses que eu ando frequentando e curtindo adoidada, numa delas a dona chinesa é maratonista e não deixa você tomar o chá errado na hora errada. (!!!)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

São Paulo, São Paulo



Eu não sei dizer exatamente porquê amo São Paulo. É uma cidade com tantos pontos negativos, tantos problemas, às vezes tão feia, tão dura, tão cinza. Mas a gente não explica o amor, né? A gente simplesmente ama.

Aí tento analisar as razões. Tem tanta gente que não gosta da cidade, não se identifica, não gostaria de viver aí ou nunca quer voltar, se está fora. E eu acho ela tão minha. Pensei no seguinte: eu sempre fui feliz em São Paulo. Aí nasci e fui criada, faz tanto parte de minha história que não posso joga-la às traças. Não fazemos isso com histórias felizes!

Obviamente que o fato de eu sempre ter vivido numa zona que me oferecia de tudo, estudos, trabalho, ócio, sem deslocamentos traumáticos, ajuda e muito. Luxo em São Paulo é viver perto de onde se trabalha e ter o mínimo de infra-estrutura para tudo. Eu (quase) sempre tive esse luxo. E minha vida foi bem difícil na única vez que trabalhei longe, em um bairro na outra ponta da 23 de Maio. Afe, o que era o trânsito voltando pra casa? Não tem metrô que chega! Ônibus lotado! Eu odiava aquilo!

E odeio São Paulo quando ela é assim, cheia de carros, cheia de caos, sem transporte público decente, sem escoamento de água da chuva, nosso problema de anos e anos... E quando o sol nunca mais aparece? Fica cinza por dias! E os motoristas mal educados na rua? Te atropelam sem dó. Quem tem carro é melhor que os pedestres e se o carro for grande, então, realeza britânica pelas ruas. Ô gente preconceituosa com tudo. Se você não vem de uma família com dinheiro ou nome, se não é filho de alguém, você não é nada. Arrumar trabalho, melhor que você tenha Q.I., o famoso Quem Indica. Porque se for pelo Q.I. real, pffffffff, esquece.

Existe um monte de coisas que eu odeio e que morando fora vejo que temos muito, mas muito mesmo, que melhorar. Temos que parar com a mentalidade de colonizados, somos muito recalcados e machistas. Temos que parar de reclamar se o presidente é nordestino ou da orientação sexual da nova presidente e arrumar o que fazer pra cidade realmente receber gringos com dinheiro na Copa. Vamos fazer de São Paulo uma Paris, Londres, que sabem receber turistas e enchem seus olhos com vida, informação boa. Acorda, paulistano!!!

Mas, claro, vejo beleza na minha cidade. A beleza que vem dos lugares por onde passou minha família, por onde passei. Amo passear pelo Bixiga, bairro que acolheu os Lombardi e onde nasceu meu avô. Amo passear pela Luz, bairro que acolheu os Donna vindos da Síria e onde nasceu minha avó. E onde os dois se casaram, então? Igreja da Consolação, que linda! Tem também a Vila Madalena, onde nasci, a Lapa e a Pompeia, onde me criei, pegando micose na piscina do Palmeiras. Inesquecível.

A gente vai pra Europa atrás de história e mal se dá conta que nossa cidade também te conta tanta coisa. Tudo em São Paulo tem razão de ser e de não ser, principalmente.

Amigo paulistano, um apelo. Vamos dar uma chance a São Paulo?

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

London London


Por que será que tem dias que eu simplesmente não consigo achar inspiração? Aí eu não escrevo, não leio, não estudo, não tricoto. Tudo que requer minha concentração eu estou descartando. Cinema, biblioteca, então... filmes? Nada. Nada!!! Viro puro vegetal.

Aí fui pra Londres neste final de semana. E eu achando que esta apatia ia me deixar meio "blargh, londres". E que nada. Me senti criança na Disney. Pisei na cidade e os olhos começaram a brilhar.

Sábado fomos pra Hoxton Square, Smithfields. Aí já comecei a enlouquecer visualmente. Quanta informação, quanta inspiração. As lojas, os cafés. Os restaurantes. Podia só entrar em restaurantes nessa viagem. Fotografei todos que via, porque além de lindos, eles te atraem com frases, cores, cheiros. Quase todos falavam em saúde, bem-estar, comida livre de agrotóxicos e especialmente, para mim: livre de glúten.
Sempre tem opção livre de glúten e todos sabem do que se trata quando eu perguntava. Um dos atendentes chegou a dizer que muita gente está abrindo mão do glúten por conta própria e eles estão sendo obrigados a mudar os cardápios. Seria Londres a minha cidade?

Bom, continuamos a caminhada, sempre, claro, fotografando, recolhendo flyer, observando coisas, para as práticas a apresentações na faculdade. Depois de Hoxton, Barbican Centre, para a expo de moda japonesa, que estava linda. Os maiores designers japoneses e seus desenhos e roupas mais memoráveis dos ultimos 30 anos.

Saindo do Barbican, fomos até a região da Oxford Circus e Picadilly Circus, onde vimos todas as lojas mais importantes do ponto de vista de tendências. Tudo está nessa região, tudo passa por essa região. Ladurée, Issei Miyake, os alfaiates de Savile Row, Lanvin, a incrível Fortum&Mason, Abercrombie&Fitch.... e essa é um episódio à parte. É a loja mais louca que entrei na vida. O que acontece é que você é recebido na porta por um menino e uma menina lindos, corpos perfeitos, e, à medida que vai entrando na loja, estão todos esses atendentes adolescentes perfeitos e lindos andando de shorts, chinelo e camiseta sorrindo pra você. Alguns dançando sensualmente à meia-luz. O ar perfumado, a calefação, o lusco-fusco e aquela horda de compradores ávidos por status e atenção te deixam um pouco zonzo. Experiência única.

Voltamos a Hoxton para a prática da noite. Observar a Londres da balada. Jantamos em um restaurante vietnamita, e tomamos um drink no bar do hotel The Hoxton. Mais gente jovem, alguns nem tanto, roupas curtas, camisas apertadas, a cidade está muito vaidosa e sempre exibindo as pessoas mais diferentes.

Domingo fomos para os mercados de Spitafields e Brick Lane. Te juro, quis morar em Londres. Mais e mais informação visual, quanta riqueza, quanta ideia bacana. Tudo parece ser possível. Mais atividade de coolhunter, abordamos pessoas na rua, conversamos sobre morar e estar na região, observamos, fotografamos. Deu tempo de dar uma corridinha no Tate Modern e analisar o espaço e encontrei uma amiga querida no caminho. De lá, infelizmente, hotel e aeroporto e saí da cidade com uma sensação boa de realização mas com pena de ter feito tudo tão rápido. A Inglaterra não é a mesma que morei há 13 anos e isso é ótimo. Vivi em uma Inglaterra muito menos globalizada, muito menos multicultural, intolerante e fria. Tanto tempo depois, vi uma cidade consciente, saudável, feliz. Recomendo e quero voltar logo!