segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

... e o ano acabou!

2010 passou rápido demais. Mas foi um ano generoso, confuso e, no mínimo, o ano que minha vida mudou.

Minha vida mudou a partir do momento que descobri uma doença auto-imune em que eu deveria tratar com dieta e exames anuais rigorosos. A intolerância ao glúten não é uma alergia, é uma doença genética que não sara. Eu carrego a vida toda e deveria ser rigorosa para poder fazer meu corpo não se auto-atacar. Se ele se ataca, as consequências podem ser, a longo prazo, eu nunca conseguir me nutrir direito, sem nutrição uma pessoa não funciona, isso pode levar à infertilidade. E também ao câncer de intestino. Mesmo depois de 9 meses da descoberta eu continuo batendo nessa tecla porque a doença celíaca não é só cortar meia dúzia de hábitos. Ela ataca meu corpo.

A partir dessa revolução, descobri que as pessoas acabam se dividindo naquelas que entendem e me ajudam, somente aceitam e, não entendem e não aceitam. Por sorte, eu tenho amigos e familiares que me entendem, ajudam e me policiam. Que ficam de olho comigo nos rótulos, nas novas receitas, em novos estudos sobre possível cura, ou tratamento. Pessoas que eu amo demais e que agradeço todos os dias por tê-las perto do coração. Mesmo mudando de país, fiz novos amigos, e fiz uma família que são os meus companheiros de apartamento, que também se preocupam com a contaminação da cozinha, se podem comer a milanesa na minha frente e se eu estou me sentindo bem ou mal.

A mudança pra Barcelona revolucionou minha vida de outra forma do que a doença celíaca. Mas não foi um wake-up call menos especial. Aqui estou acordando pra vida em outros níveis, e em vários níveis. Sem grana mas muito leve, não persigo dinheiro, reconhecimento, só estou tentando me abrir pra mostrar pros outros como eu sou. Às vezes estou amarga, cansada, triste, frustrada e tento chamar a atenção dos meus amigos de formas paranoicas. Mas isso é cada vez mais raro, pois na maioria das vezes me sinto grata, feliz, ensolarada e sortuda. E tô conseguindo isso por mim mesma, sem depender da estrelinha dourada no boletim e das palavras de alguém.

Ser reconhecida e ser amada é importantíssimo para mim. Mas finalmente, acho eu, estou aprendendo qual é o primeiro lugar que deveria encontrar reconhecimento e amor.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Entornando a gente se diverte mais!



Se eu caio no suingue é pra me consolar...
Pois bem, consegui sair na noite de Barcelona comme il faut.
Começamos no bar que está na foto aí em cima, o Marsella, no Raval. O Raval é um bairro muito interessante, infelizmente tá cheio de imigrante paquistanês e eles podem ser um pouco violentos. Gritam com você na rua, especialmente se você for mulher. Mas o bairro em si é bem bonito, cheio de ruas apertadas e lugares mais antigos.
O Marsella é um desses lugares. Supostamente foi frequentado por Picasso, Dali, Gaudi e onde tomavam o absinto.
Bom, o absinto. É uma bebida forte. Eles te dão dois torrões de açúcar e uma garrafa de água, num pack que vale 5 euros, absinto incluído, e você dissolve o açúcar com a água. Ou queima o açúcar primeiro e apaga com água. Isso tudo ajuda, mas a bebida continua forte e amarga. E não tome dois drinks a não ser que você tenha 2 metros de altura e 100 quilos. Eu tomei e realmente o mundo ficou bem cubista.
De lá fomos para um bar com música, dançar. Acho que o bar se chama Sifó, e a música estava incrível, e quem tocava era um DJ interessantissimo chamado Skymark que curte soul e brazilian music. Mas isso é o tanto que eu lembro da noite. O resto é só um monte de apanhados, recortes de ladrilho modernistas.
Nada mais apropriado para Barcelona.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Dias melhores sempre vêm!



E na Catalunha o sol (quase) sempre brilha.

Parece que foi coisa encomendada pelos céus, mas depois da loucura de Berlim, o tempo em Barcelona só começou a melhorar, e até fez um calorzinho. Isso tudo pra me animar, porque depois da viagem, ainda veio uma virose louca que me deixou baqueada por 4 dias.

Mas... como não há mal que dure pra sempre, cá estou eu de novo, superempolgada pra próxima viagem, me preparando com mais luvas, mais botas e mais roupas térmicas pra Londres de janeiro.
A vida aqui continua no ritmo da cidade. Muito, mas muito mais lento que em SP. Ninguém tem pressa, ninguém anda rápido demais, se você sai 20 minutos antes para um compromisso você chega aonde quer chegar e as lojas continuam fechando no meio da tarde para uma pausa sábia.
Não é difícil viver assim, afinal. É mais saudável e feliz. Não se pode ser infeliz na Catalunha.

Mais uma amiga chegou à cidade, a Robertinha, que veio fazer uma parte do mestrado aqui, por 3 meses. Isso me dá ânimo pra sair às ruas e de quebra aprendo um monte de coisa de arte: a Rô sabe tudo o que se passa na arquitetura, museus e livrarias daqui. Me ajuda com textos pra faculdade, já que ela estuda quase os mesmos temas.

Acho que o bom da vida é esse trânsito, de pessoas, de energias, de altos e baixos, porque nem sempre vamos estar o tempo todo pra cima e nem a vida toda pra baixo. Temos é que ter forças pra esperar as coisas melhorarem e saber que às vezes vamos estar caídos e continuar a contar as bençãos porque dias melhores sempre virão.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Berlim - parte II

Eu acho que ainda devo algumas linhas a Berlim.

Não sei exatamente se foi a combinação frio-viajar com desconhecidos-peso histórico mas Berlim me deixou carregada e pensativa. Voltei com uma bagagem mais pesada do que levei. Me baixou um cinza que nem somando São Paulo com Londres eu chegaria nessa tonalidade. Será que uma cidade pode mesmo levar no ar uma vibração tão forte de coisas passadas?

Quando eu entrei na galeria Tacheles, que comentei no post anterior, eu não sabia exatamente do que se tratava. Mas sentar naquele bar escuro, com velhos de caras marcadas fumando cigarros e bebendo cerveja, todos meio escondidos e olhando para baixo, realmente te faz pensar que os berlinenses são tímidos, ariscos. Se escondem. Buscam renovação mas não conseguem esquecer. Comecei a passar um pouco mal, meio engasgada, tomei um vinho, relaxei, mas aquilo ficou em mim.

Eu não tava no clima de festa, não consegui sair com parte do grupo à noite. Quando eles voltaram, contaram que não conseguiram entrar nas baladas. Os caras da porta eram hostis porque, talvez, o grupo fosse barulhento demais, festeiro demais. No metrô, encontramos um boliviano que nos dizia exatamente isso: se você não é low profile, não consegue entrar nos lugares. Você tem que ter seriedade e ser soturno, é o pré-requisito berlinense.

Enfim, lanço todos meus pensamentos pro alto pra ver o que formo. Cheguei à conclusão que eu fui sensível demais prum lugar com uma energia quase tangível. Eu estou aqui, num processo de descobrimento e de dor da distância, cheia de feridas abertas e fui prum dos lugares mais significativo da História do século XX e onde as cicatrizes estão todas evidentes, frescas. Até quando será que os alemães vão carregar esse fardo?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Berlim!




Uau. Berlim foi uma mistura de emoções. Pra começar, o frio. O lugar mais frio que estive na vida. Voltei com os dedos sangrando de tão rachados de frio e com a sensação que Barcelona realmente é muito mais quente em muitos aspectos em comparação com a Europa do norte. Eu achava que ia encontrar uma metrópole um pouco mais frenética mas, talvez pelo inverno, não vi tanto movimento, a não ser pelas aglomerações nas feiras de natal. Passamos por umas 8 feirinhas com barracas de comidas típicas e vinho quente e artesanato. Uma grande quermesse.

Sábado de manhã: Paramos para tomar café no tradicional Einstein Kaffee perto de Postdamerplatz e fomos caminhando até Alexanderplatz mas parando nos lugares mais importantes, como Galeria Lafayette, Hackeschermarkt e Quartier 206.
Pela tarde, nos dividimos em grupos e cobrimos alguns bairros. Fiquei com a turma de Alexanderplatz, parte oriental de Berlim, e fizemos uma caminhada bem abrangente, passando por todas as feiras de Natal em todas as principais praças, ouvimos corais de velhinhos, predios sóbrios da época comunista mas também alguns mais medievais, em ruas apertadas. Muito grafitti na rua, isso me impressionou. Seguimos caminhando até a rua Rosa Luxemburgo que é linda, cheio de lugares interessantes, cinemas antigos, loja de vinis.
Pela noite, voltamos a andar por esses lados, mas com as luzes de natal, que fazem tudo mais bonito. Passamos pelo Café Zapata, na OranienburgerStrasse, e entramos numa galeria incrível chamada Kunsthaus Tacheles, que era uma loja de departamentos judia, que depois serviu pra propostas nazistas como prisão e agora abriga artistas que expõem e até vivem aí.

Esses lugares me impressionaram bastante, ainda mais com a história que carregam. E sim, Berlim carrega essa sobriedade toda, esse peso nas costas.

Domingo estavamos com tanto cansaço e frio que também nos dividimos e fui com mais duas meninas até uma das feiras de natal para tomar um vinho quente e ver luvas e gorros. Depois disso, nos metemos em metrôs e trens para chegar ao aeroporto. O transporte público de Berlim é um labirinto sem fim, ainda mais pra quem não entende nada da língua.

Balanço geral: Tenho que me abrigar melhor pra Londres em janeiro: o frio congela o cérebro, lentes de contato e as extremidades; Berlim é a Berlim dos filmes que vi, todas retrataram fielmente a cidade; não é uma cidade fácil para celíacos; e eu gostaria de voltar à cidade no verão, para, quem sabe poder olhar mais pro alto sem ter que andar curvada!




domingo, 21 de novembro de 2010

Depois de uma longa semana...



Uma semana pode parecer um mês. Pois passei essa semana em Lisboa e parece que fiquei um mês sem falar espanhol, voltei gaguejando, hesitando pra retomar as coisas aqui em Barcelona.
E morri de saudades daqui! Impressionante, não? Tão pouco tempo aqui e já tenho afinidades com a cidade. E claro, fiz um monte de comparações entre as duas. O que senti falta de Barcelona foi essa vida que se vive nas ruas, de bicing, caminhando nas praças, todos querem viver a rua, seja mais velho, seja jovem. As construções modernas, o Art Nouveau.
Em Lisboa, os velhos parecem se arrastar mais, aquela imagem da viúva de negro ainda persiste, e, obviamente, a cidade do Fado é muito mais melancólica. As construções, mais antigas.

Mas Lisboa é incrivelmente charmosa e dessa vez quis seguir uma sugestão de uma repórter que ofereceu uma matéria sobre Lisboa e o Bairro Santos para a Dufry World e a reportagem saiu na última edição (a da Julia Roberts).
O que fizemos foi ir até o metrô Baixa-Chiado, aquele em frente ao café A Brasileira, que tem o Fernando Pessoa sentado, e andamos até o Bairro Alto, passamos pela rua da Bica e seguimos as dicas dela até a rua Boavista. Da Boavista, é uma reta até o Largo Santos.

Antes, um parêntesis. O Bairro Santos-o-velho está às margens do Tejo. Muito charmoso, cheio das famosas ruelas de paralelepipedo, bondes e cafés. Só que se vê muito mais moradores de rua, bêbados, gente pedindo dinheiro. Descendo do Bairro Alto, a mudança de cenário é grande. Eu acho que está surgindo uma nova iniciativa dos comerciantes pra restaurar o bairro e trazer mais turistas e fazer de Santos também um bairro boêmio.

Chegando ao Largo, logo se vê uma praça linda e em frente, um calçadão de restaurantes. Me lembrou a Praça Benedito Calixto. Lá, pelo menos 3 restaurantes estavam em construção ou sendo reformados. Um era de fusion food. Ao lado, o Manifesto, do Luís Baena, um chef português que seria pra eles o Claude Troisgros, talvez. E um chamado Porão de Santos que é muito tradicional, está lá desde 1936, e está se adaptando à mudança do bairro, com uma fachada e clima mais modernos.

Fora isso, não encontrei mais coisas em Santos e na verdade, o bairro não te acolhe tanto para te fazer querer ficar mais. De lá, fomos subindo, subindo, sentido Bairro Alto, e passamos por São Bento e Príncipe Real. Aí sim, lugares que eu me encantei. As ruas são lindas, cheias de lojinhas muito interessantes, como a Botânica Lisboa, loja de coisinhas fofas que tem de tudo, até brinquedos, ou a loja do Andy Warhol na Rua da Escola Politécnica. E como é mais no alto, vira e mexe você dá de cara com um pedaço do Tejo, ou do Castelo de São Jorge.

E fomos descendo, descendo, Chiado, Rossio e aí nosso passeio terminou. Tudo a pé, uma caminhada linda e cheia de subidas e descidas. Lisboa é pra se conhecer caminhando e o principal é ir parando nos cafés, nas lojas, nas barracas de castanha e experimentar tudo. Castanha assada é sinônimo de inverno na península ibérica e é uma delícia.

Voltei pra Barcelona feliz pelas descobertas e por voltar. Escutar o catalão e pensar antes de falar já é parte da minha rotina, e é bom ter rotina para nos botar nos eixos, às vezes.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Cielo sobre Barcelona




Esse título não é invenção minha. Tirei do filme Cielo sobre Berlin, versão em espanhol do Wings of Desire, do Wim Wenders. Aquele filme que Hollywood se inspirou pra fazer o Cidade dos Anjos, com a Meg Ryan e o Nick Cage.
Acontece que estou vendo um monte de filmes pra pós. Antes de cada viagem, temos que ver pelo menos 3 ou 4 filmes que contextualizem a cidade que vamos. No final do mês, vamos pra Alemanha e já vi 3 filmes sobre o país e todos eles têm a Berlim dividida de fundo.

Não sou exatamente expert em filmes, então nem vou começar a falar da direção assim-assada. Na verdade, a minha piração é que estou entrando num mundo muito feliz, a dos filmes, e estou adorando. Cada filme que vejo mexe comigo de uma forma. Semana passada, assisti Onde Vivem os Monstros (preciso ver coisas de Spike Jonze), logo vi A vida dos Outros, alemão que tem a ver com a Alemanha Oriental, depois The September Issue, que documenta a produção dA edição de setembro da Vogue e mostra a doidona da Anna Wintour em ação e, finalmente, o Wings of Desire. Confesso que fiquei muito sensível com os dois primeiros, que abriram as comportas da represa, porque sim, represo emoções... E achei o máximo! Que bom ter sensações novas, num lugar onde tudo é novo. Pode parecer tristeza, mas estou que é pura emoção (boa!).
E tenho mais filmes pra ver e não vejo a hora. O cinema faz maravilhas, agora tô começando a sacar qual é a da turma da Mostra.

Fora isso, o céu de Barcelona é esse, azul-azul, com algumas interrupções como a de ontem, a chuva que veio com o Papa. Do Bento, nada a declarar, mas o coral de 800 pessoas na missa foi de arrepiar, especialmente depois de ver o filme do Wim Wenders. Deitada na cama, cheguei a pensar no apocalipse, já que estava tudo aqui no quarteirão, o Bento, os anjos, os católicos, pronto, trombetas!
Mas, não foi dessa vez (é em 2012, né?) e tudo correu na maior normalidade, sem tumultos. Só restaram a chuva e o frio, trazidos por Ratzinger.

sábado, 6 de novembro de 2010

São Paulo ou Barcelona?

Quando a gente entra em contato com coisas nem tão glamourosas de uma cidade que não é a sua, você inevitavelmente faz comparações. Como aconteceu comigo aqui ontem. Preciso tirar uma tarjeta de estudiante e simplesmente não consigo. Não consigo informação, o site não funciona, o telefone não funciona, o e-mail voltou.
E obviamente pensei em São Paulo e em como conseguiria fazer tudo indo ao Pompatempo, e como eles se organizam para informar corretamente, como você pode achar tudo pelo site e, apesar de as vezes ter uma fila sem fim, esse sistema funciona bem melhor do que no velho mundo. E nenhuma cidade europeia chega perto do tamanho de São Paulo.

Ter saído de São Paulo me fez bem, apesar de ser completamente louca pela minha cidade. Só que, às vezes, me sentia engolida por ela. Em São Paulo temos que produzir o tempo todo, temos que ser rápidos, temos que ser espertos, temos que ser hype, modernos, descolados e ainda ganhar dinheiro pra poder pagar todos os lugares que todo mundo vai, se não, não existimos socialmente.
E aqui a coisa é completamente diferente. Outro ritmo. A siesta é levada a sério, ninguém te olha na rua com cara de "que roupa é essa?" porque tá todo mundo bem ocupado em passear com o cachorro, andar de bicicleta, ir pro trabalho sem pressa, tomar um café...ah, os cafés! Isso me atraiu muito nesta cidade. Esse jeito de viver. Pena que esse slow motion atrapalha o serviço público desse jeito, de totalmente paralisar o funcionamento.

E São Paulo, apesar de tanta afetação e tanta dureza, eu acredito que um dia será a cidade ideal. Porque algum governador há de ver que não cabem mais carros e que esse modo de viver não é certo. E espero que as pessoas também evoluam para uma coisa menos elitista e intolerante e vejam que não adianta comprar um carro maior para parecer que socialmente está acima de outros. Esse carro funciona tão bem quanto outro mais em conta, que ocupa menos espaço urbano e gasta infinitamente menos.

Se a gente pudesse ao menos olhar pro próprio umbigo e ver o quanto algumas atitudes destroem a cidade e como é importante pensar no outro. E isso leva uma dose de amor. Sim, ame sua cidade. Só assim a gente consegue transformar a dureza, não? Eu acho que conseguimos. Yes, we can!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Novo presidente aí e o que se comenta por aqui

Antes que meus amigos já pensem no que vou falar, adianto: se tem um partido aí no Brasil que mais me interessa atualmente é o PV. Não sou petista e não defendo tudo que aconteceu no Brasil em relação a corrupção e ao fato do Lula ter lavado as mãos. Mas tenho a esperança que seja diferente com a Dilma, sim. Como paulista, não concordo com muita coisa que o PSDB tenha feito e não entendo o papo de alternância da galera tucana se no estado de São Paulo nao temos oportunidades de alterar nunca. Minha esperança de mudança radical era com a entrada da Marina Silva.

Mas me agrada o fato de termos uma mulher na presidência e, ao contrário do que veicularam por aí, acredito que seja preparada, estudada e que entende de política.

O que assustou os europeus, pelo o que li no El Pais, por exemplo, foi o fato das campanhas serem tão sujas, tanto ataque e poucas propostas. Para eles, os dois candidatos estavam igualmente preparados e o Lula é muito bem visto aqui, o Brasil virou referência pra um monte de coisa e pela primeira vez no exterior não me sinto uma coitada imigrante vinda de um país pobre. Me olham com muito mais admiração e os pacotes das empresas de viagens, promoções de lojas de compre um doce e concorra a uma viagem, tudo fala em Brasil.

A apreensão aqui é se estamos prontos para receber tanta gente nas Olimpíadas e na Copa. Eles querem ver os resultados de toda essa prosperidade in loco, quando forem aos jogos. E sinceramente, é a minha apreensão também.

Mas não dá pra ficar torcendo contra, não vou esperar que a Dilma cague tudo e voltemos pras páginas dos jornais internacionais como um país de tanto potencial e tanta merda junta. O que eu insisto e brigo com a galera é da gente continuar a prestar atenção no que se passa. Não dá pra agora relaxar, sentar a bunda no sofá e só falar em BBB e dar uma escutada de longe no Jornal Nacional de vez em quando porque simplesmente sintonizou no canal da novela.

Enfim, chega de política! Por hoje...

Tenho muito assunto legal pra falar aqui, no final do mês vou pra Berlim e ainda tenho outras mil viagens pra fazer e muita coisa pra curtir nesse um ano que vou ficar pela Europa.

domingo, 31 de outubro de 2010

Aulas!

Mais uma semana de aulas e me sinto uma verdadeira estudante. Tinha esquecido de que recebemos uma quantidade doida de informação e bibliografia e hay que leer un montón!

Fora o tanto de referências que os professores te dão. Pra tal coisa, checar isso, pra outra coisa, checar aquilo, ler, assistir, baixar, absolutamente tudo o que está na mídia hoje, do que se fala, do que chama atenção, quem está fazendo o quê, e por aí vai. Afinal, sim, é uma faculdade de comunicação.

Estou pirando, no bom sentido, em ouvir tanta coisa legal e nova e poder usar a minha bagagem de tantos anos no mercado editorial; há muitas novidades, mas também muitas coisas eu só vi e entendi por causa dos lugares que já passei pela vida.

Fora as aulas, aproveitei ontem para ir com as meninas ao Outlet da MNG, onde encontrei coisas pro inverno por 20 euros e uma calça de sarja preta por 10. Fica na Carrer de Girona, no meio do caminho entre Borne e Eixample, e o lugar é enorme, cheio de achados interessantes e cheio de porcaria, como todo outlet. Na próxima volta pelas lojas mais em conta, iremos procurar um galpão com Nikes por 15, 30 euros, que fica perto do Paseo de Gracia. Adoro descontos! Já tô me preparando pras grandes rebajas de inverno também, que deve acontecer depois do Natal.

Das lojas, paramos na casa da Tati onde todo mundo se reúne e de lá fomos dar um passeio pelos bares do Borne (sempre) e do bairro Gótico. Conhecemos bares novos e interessantes, acho que em pouco tempos nos especializamos nos bares de rua!

O horário de verão acabou e veio a chuvinha, pra esfriar de vez e nos fazer ficar de pantufas e mantinhas em casa, pesquisando o site do IKEA pra comprar mais edredon e mais manta!

Amanhã, como é feriado aqui também, estamos planejando de juntar um grupinho e passear por Girona, uma cidade aqui pertinho que temos que ir de trem. As linhas de trens aqui, além de eficientes, são bem charmosas!

Fora isso, dedico o resto do domingo pra esperar o resultado da votação e saber quem será o próximo presidente do Brasil...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Comendo em Barcelona


Desde que cheguei à Europa a minha procura constante é alimentação. Porque me alimento de forma diferente desde abril, quando descobri que tenho doença celíaca.

De cara isso é uma chatice sem fim. Não posso mais ir às pizzadas nas casas das pessoas, a massa de domingo tem que ser sem glúten e o Brasil está muito pouco preparado pra isso. As coisas lá são caras e, apesar de todo rótulo dizer se as coisas contêm ou não glúten você não acha em supermercados gôndolas de produtos especialmente feitos sem.

Mas aqui a coisa é bem diferente. Eu achei que ia sofrer mais, porque a cultura catalã/espanhola leva muito pão, o pão com tomate é uma instituição, e muita coisa é empanada em farinha, - tirando as patatas bravas, outro prato-símbolo, que posso comer sem problemas porque leva batata frita e um molho com maionese e catchup picante. Porém, sem ter que comer na rua, quase todo supermercado tem uma seção especial para coisas sem glúten. E a variedade é incrível. Todos os tipos de pães existem lá: baguetes, pão de hamburger, pão de hot dog, bolinhos, biscoitos, torradas, macarrão e.... a cerveja! A mais conhecida e sem glúten é da marca Estrella Damm, uma das mais populares da Espanha. E, enquanto no Brasil a long neck sai por 14 reais, aqui ela sai por 80 centavos de euro.
Além disso, em todas as embalagens, por mais que não seja lei aqui informar, há informações sobre como o alimento é feito e se contem traço de algum componente que causa intolerância. Então, eles avisam se há traços de leite, nozes, trigo ou qualquer outro alergênico.

Me sinto infinitamente menos E.T., apesar de, entre amigos, as pessoas ainda se espantarem. Mas aqui, muito mais gente sabe o que é ser celíaco e todo mundo se esforça pra entender e ajudar.

Do jeito que as coisas vão, de conscientização e tudo, acho que em bem pouco tempo realizo o sonho de comer no Mc. Donald´s um lanche com pão sem glúten!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pelos cafés

Uma coisa que me surpreendeu em Barcelona foi a quantidade de cafés que tem pela cidade. Casa de chás, cafés pequenos que servem refeição, vendinhas orgânicas que também são charmosos cafés, Starbucks da vida, enfim, uma infinidade de opções pra tomar umas xícaras. A cadeia americana então, nem se fala. Além de ter várias espalhadas pela cidade, é a que mais lota.
Mas por que será que as pessoas preferem pagar 3 euros no Starbucks se em cafés locais elas podem pagar 1,50?

Claro que a bodeguita do catalão não serve um copo de café com chantilly transbordando e essa apresentação do Starbucks vale mais. Mas acho que tem aquela coisa de não querer arriscar muito. Se posso tomar o mesmo café que tomo lá perto de casa no meus país natal, ou comer o mesmo lanche da grande cadeia de fastfood, ou vestir as roupas da mesma loja que tem lá no shopping da Pompeia, me sinto mais a vontade. Né?

Não sei. Tô gostando de me arriscar pelas casas de chá dos chineses, fuçar a vendinha orgânica e experimentar o café deles, comer patatas bravas em bodeguitas, paella em tasca (mesmo de forma mal sucedida) e entrar em outlets genéricos pra ver de que outras formas posso me relacionar com a cidade. Mas claro, não estou deixando de ir à Zara, nem à MNG, não vou parar de tomar coca-cola nem Chai Latte, mas tento não passar por mais uma turista preguiçosa.

Hoje, de cara, uma atendente do Starbucks veio falar comigo em inglês e me lembrei exatamente porquê não devo deixar de ir aos lugares mais locais e tradicionais. Fingi que não sabia inglês e pedi pra ela falar em espanhol. Aqui, tenho que encarar esses desafios.

 Que venham as tiazinhas carrancudas da bodeguita do Pepe falar comigo em catalão!!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Finais de semana em Barcelona

Os finais de semana aqui em Barcelona têm sido uma delícia, porque é quando a gente consegue se reunir com as pessoas que trabalham muito durante a semana e também é a chance de curtir os parques, praia, rua, com o clima relaxado.

No sábado fiz a unha, fui ao super, e logo desci pro Born para a casa da Tati. Lá eles iam fazer sushi e chamaram uns amigos. De repente a noite estava ótima, com um monte de brasileiro, argentino, italiana, uruguaia, todos falando de tudo, todos se entendendo e quando vimos, todos fazendo sushi, numa mescla de workshop e linha de montagem. Saímos da Tati só as 4 da manhã e ontem, não tinha como, acordei tarde e meio atropelada.

Mas estou em Barcelona e como uma cidade de praia em qualquer canto, se está sol, é só descer pra rua e tudo te sorri, o céu estava lindo, o vento abafado e fui para o parque da Ciutadella encontrar a Tati com a família. A fonte de lá estava linda, o sol iluminava tudo, cachorros felizes, patos felizes, todo mundo curtindo.

De lá, passamos em um mercado de pulgas que expunha artesanato lá no Born mesmo, no convento de San Agosti, com DJs colocando um som e crianças correndo. Uma coisa meio Mundo Mix familiar.

No final, voltei pra casa com sensação de ter feito tanta coisa bacana sem ter feito muito esforço e acho que é esse clima daqui, onde as pessoas saem de casa para simplesmente curtir o dia.                 

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Primeiro dia de aula ou Desconfiança ou A Catalunha

Qualquer um dos títulos acima poderia ser o título deste post porque quero falar das três coisas.
No site da faculdade, aparece que as aulas podem ser feitas em qualquer língua que o professor desejar. E meu medo não era espanhol, nem francês, nem inglês, era o catalão. Num primeiro momento eu ouvi e achei engraçada, parece um monte de gente brincando de se comunicar, como a gente fazia com a língua do P quando criança. Aí eles dão umas torcidas na língua e depois parecem falar espanhol mesmo. Bom, nem é pra entrar no mérito de validade da língua e cultura, acho que eles têm lá as razões deles e sei que mais dia, menos dia, estarei gritando Visca Barça, Catalunya lliure! (Viva o Barça, Catalunha livre).
Mas acho curioso isso, de o professor chegar um dia e achar que a maioria dos alunos é catalã e quer falar com eles em catalão.
Pois isso não aconteceu hoje, graças. Eramos mais ou menos 15 e 4 eram sulamericanos. Um peruano incrível, hilário e bem vestido e.... 3 brasileiras. Claro.
Eu amei a aula, toda em espanhol. Me senti verdadeiramente no meu lugar, onde realmente me identifiquei com o assunto e era isso mesmo o que eu queria fazer. Daí chegou o intervalinho e eu doida pra conversar com as brasileiras. Uma, eu sabia que era conhecida de uma amiga minha aqui de Barcelona. E, quando o professor liberou a classe, nenhuma olhou pra trás pra me ver, nem se olharam entre elas. Não rolou aquele olhar de: ei brasuca!, aquela cumplicidade de compatriota. Só rolou do peruano uma vontade de sair conversando com todo mundo e querer saber mais da gente.
Foi aí que me ocorreu: será que somos blasé ou somos naturalmente desconfiados de outros brasileiros?

Desci e fui puxar assunto à força e vi que se eu não fosse lá de repente elas não viriam. Talvez por quererem falar só em espanhol, naquelas loucuras de "não vou ficar falando português já que tenho que aprender a língua". Bom, rolou o papo superficial e tudo bem. Acho que deveria, (será?), também me esforçar em ficar mais próxima dos catalães para aprender melhor o castelhano e o catalão também.

Mas sinto que existe uma coisa que nós brasileiros temos de nos olharmos de fora e achar que sempre tem algum enrolador, espertinho, chato ou safado. Será mesmo?

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

As decisões mais difíceis

Desde que cheguei à Barcelona, tenho tentado ouvir histórias de pessoas que, como eu, decidiram jogar as coisas pro alto e tirar um tempo fora.
E me surpreendo em cada uma delas. Eu me acho tão corajosa, mas tem gente que realmente mudou a vida drasticamente para viver uma experiência diferente na Europa. Pessoas que largaram casamentos e vida em família para uma oportunidade de trabalho. Empregos sólidos em escritórios de advocacia para ser chef de cozinha.
E correram todos atrás de um sonho. Mas o que será que a gente procura tanto? O que será que falta aqui dentro que faz a procura ser contínua?

Amanhã começam minhas aulas da pós e começo a ser estudante de novo, somente estudante, o que não faço desde o século passado. Para botar novas ideias na cabeça, que esvaziei todos essas 2 semanas e meia longe de SP e que vinha limpando desde minha decisão de me mudar.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A vida em Barcelona

Viver fora te faz ver as coisas mais atentamente, isso é regra geral.
Pois hoje estava subindo a Sardenya desde lá debaixo, da Gran Via, e decidi tomar um café no primeiro lugar que eu encontrasse. E parei numa casa de chá chinesa, que se chama mais ou menos Té Quiero. E foi surpreendente, tava tocando uma música gostosa, as cadeiras eram de balanço e a chinesa que atende era a mais sorridente possível.
E continuei subindo a Sardenya, e parei em um ateliê antes de chegar à Sagrada Família. Tinham bolsas e bijuterias artesanais, e entrando, vi que tinham aulas de crochê, tricô e corte e costura. E pronto, já sentei, conversei com a professora e combinamos de começar na semana que vem.

Amanhã, vou ver uma academia aqui na esquina... na Sardenya, claro!
Mudo pra Barcelona e vou viver na Sardenha!