segunda-feira, 30 de maio de 2011

Mágica Istambul



A sensação de que eu ia ver um gênio saindo daquelas tantas lâmpadas, ou dobrar a esquina e encontrar o Aladin, era iminente. Istambul é uma cidade de ruas apertadas, ladeadas por vendinhas de sucos de frutas, de sorvete turco e principalmente, de cacareco com os tradicionais olhos turcos/gregos, lâmpadas, copinhos para café, doces, perfumes. Tudo tudo para você ver, degustar, tocar, cheirar. Tudo é experiência nessa cidade.
O passeio experimental começa no ônibus aeroporto-praça Taksim. A menina ao lado, toda aparada por bolsa, carteira, trenchcoat Luis Vuitton. Tenta com o pouco inglês que tem saber de onde somos, o que fazemos em Istambul e dá suas dicas: Istambul is an exciting city. E percebi isso assim que desci do ônibus. Exciting AND chaotic. Me lembra muito aquela cidade de onde venho. O ônibus pode passar por cima de você sem qualquer cerimônia.
Chegamos ao hotel, deixamos as coisas e já saimos de caminhada. Descemos toda Beyoglu até a ponte de Galata. Lixo na rua, gatos e mais gatos comendo os restos, as gaivotas gritando no céu, a verdade é que estamos numa cidade portuária. Muitos turistas pela rua e já não sabia qual era a língua nativa, de repente eu achei que já entendia o turco e tinham uns brasileiros atrás de mim.
Lá embaixo, na beira do estreito de Bósforo, pescadores, pássaros, barcos, barracas de peixe. Alguns barcos e restaurantes não conseguem chamar mais atenção: neon, música alta, luzes, luzes, kitsch total. Aí mesmo, senti a energia da cidade, ela circula pelo Bósforo. É algo mágico, é algo misterioso. Te faz querer se perder pelas ruas onde os gatos parecem estátuas, pendurados nas marquises, gordos, reinando.
Paramos para comer num desses restaurantes na beira-mar. Peixe e salada, petiscos enfarinhados para quem podia comê-los. Eu adorei minha escolha, peixão inteiro, carne branquinha e fresca.
Na volta passamos pela Istiklal Caddesi, a famosa avenida da Independência, que é total para pedestres mas que as vezes um táxi cruza e tenta te matar. Lá sim notamos o ocidente nas lojas Lacoste, Mango, Sephora e Starbucks. E lá também vemos mais mulheres sem véu. Ou mais mulheres e ponto. Porque no geral, homens em grupo nos cafés, homens em grupos conversando.
No dia seguinte acordamos cedo e o tempo continuava chuvoso. Fomos para o Palácio Dolmabaçe logo pela manhã e encontramos uma noiva turca tirando fotos com a vista do palácio/beira do bósforo. Notamos que as meninas lá ainda estão no estilo Amy Winehouse de cabelo, muito volume, muita maquiagem. De lá, fomos todos ver as galerias de arte da cidade, todas com exposições da nova arte turca. Eu achei bem expressivo, mas meio perdido, sem muito contexto com a cidade.
De tarde, Mesquita Azul, Ayasofia e Grand Bazaar. O primeiro, cheiro de chulé e machismo latente: homens no quadrado enorme do centro, mulheres renegadas ao pedacinho do lado da porta. Sinceramente, sorte delas, estavam no lugar mais ventilado. Porém, lindo de se ver, cores, desenhos, arabescos, madre-pérola. O último, nosso destino preferido: compras com pechincha. O mercadão é lindo, cheio de informação visual e também de falsificação. Daí vi que de repente a menina Luis Vuitton que conheci no começo da viagem tenha dado uma passadinha por lá. As bolsas são perfeitas e até eu tive vontade de comprar. O mais impressionante é a inteligência desse povo, eles identificavam que conversávamos em português e já começavam a nos chamar na nossa língua.
Depois da prática mercadão, nosso último exercício de reconhecimento foi o passeio de barco pelo Bosphorus. Não é bacana em dia de chuva especialmente se, como eu, você sofre de labirintite. Nem tirei fotos porque me concentrava num ponto fixo no barco. Mas consegui ver o lado asiático, Anatolia, que me encantou demais. Florestas de pinheiros, casas de madeira na margem com seus deques. Mais momento mágico do oriente, podia viver lá com os gnomos.
Depois disso tudo, precisava voltar pro hotel. Era muita coisa pra ver e sentir num dia só, precisava de um mês pra absorver tudo. E, no dia seguinte, fomos embora. Só deu tempo para uma voltinha pela praça Taksim, comprar o último chaveirinho de olho turco e entrar no táxi a caminho do Ataturk Airport. Essas 48 horas valeram demais. E te deixam um gostinho de quero mais, de alongar o passeio pra Israel, Síria, Líbano, Grécia, Balcãs...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O dia que conheci Marylin

Pessoal, não vou fazer muito segredo aqui. O meu sabático está acabando e o dinheiro que previ pra esse ano também. Estaria ok se eu realmente fosse pegar aquele avião pra voltar pro Brasil mas muita coisa aconteceu, de maneiras que eu nem desconfiava, porque eu jurava que não ia querer ficar aqui nem por euros. Mas eu me apaixonei pela cidade, por um moço lindo e divertido, eu estou num ritmo de vida mais feliz e queria tentar ir ficando por mais um tempo.

Daí que isso pede por mais dinheiro. E é aí que minha saga começa.
Eu estou enviando currículo pra todos os tipos de trabalho que vejo como possíveis para desempenhar: professora de inglês, garçonete, funcionária de loja, secretária bilingue, produtora editorial, camareira de hostel, mocinha do café, repórter para o Brasil e muitos outros afins. É aquela história, jornalista formada, com anos de experiência em produção editorial, pós-graduada em tendências de mercado AND.... pennyless.
E numa dessas me responde Marylin. Hi Tina, can I call you to make a quick interview on the phone? Calaro, call me anytime! Era pro anúncio da Loquo que pedia por uma menina que fosse bilingue (espanhol/inglês) e soubesse o pacote office para ser secretária de empresário. Esperei um dia inteiro e Mary me liga no dia seguinte, num inglês impecável e fazendo perguntas pertinentes, como se eu poderia trabalhar part-time, o que eu estudava na pós, se eu entenderia o sotaque cockney do chefe, se eu entendo catalão e por aí vai. No final, me disse em bom mineirês, detectado right away: Ói aqui, eu acredito que você saiba espanhol e entenda catalão porque também sou brasileira, sabe? Vou te ligar mais tarde para confirmar uma entrevista pessoalmente com o chefe.

Ok. Bacana, quem sabe a Mary me recomende mais porque somos paisanas, eu devia ter dito que sou filha de mineiro, enfim. E ela me ligou. E se apresentou como Marília. Tá. Ir em meia hora pro endereço tal porque o chefe quer me ver. Eu já tinha ouvido falar na rua que ela me passou, é simplesmente uma das mais chiques de BCN, só coisas de altissimo padrão, tanto lojas como restaurantes e hotéis.
Corri feito uma louca, morrendo de medo de chegar suada e descabelada. Encontro a rua famosa e começo a procurar por lugares com cara de escritório. No alto da minha inocência, nunca tinha me tocado que poderia ser naquele hotel design foda no final da rua. Era lá. Era lá, era lá. Tá certo, mega empresários fazem reuniões em hotéis, né?
Entro no hotel e todos meio que fazem aquelas saudações e fique a vontade por favor, desça até o restaurante onde te esperam. Na ponta da escada, ela. Marília, nome de guerra, Marylin Starling. Loira, decotada, cajal, rimel e tudo a que tinha direito. Me recebe com amor de conterrânea mesmo, me levou até o sofazinho, queria conversar e saber de mim. E eu só queria perguntar uma coisa: Mary, pelo amor, do que se trata esse trabalho, mesmo? E ela deu voltas, e voltas, não sei o que é, o quanto paga e só sei que comigo você não trabalha, são escritórios diferentes. Ãããããnnnn, sei. Liga O chefe. Podiamos adentrar o recinto do piano-bar. Quando vejo The Boss, momento tremedeira. Ele não era aquele inglês engravatado e loiro. Tá ligado no Snatch, filme do Guy Ritchie? Então. Daí eu me senti num filme, só faltava aparecer o Vinnie Jones. Bem, o Paul era bem alto, bem musculoso, com a camisa bem justa e com os braços bem tatuados. Também usava um óculos a la D&G na cabeça.
Eu tremia tanto pra entregar o curriculo,- (por insistência da Marilia, porque ele disse que tudo o que precisava ver e saber já estava lá na sua frente), que eu acho que ele percebeu que tipo de trabalho eu tava procurando e que de repente não era o que ele oferecia. Daí ele começou a falar coisas non-sense, que precisava de alguém que já tenha uma fonte de renda, porque na verdade nem vai pagar muito, e que eu provavelmente estava procurando algo pra pagar as contas e que realmente não me encaixava no perfil que ele buscava. E eu concordei com tudo, não mesmo, tô fora, não vou escrever um livro como o da Bruna Surfistinha anyway, mate.
Agradeci, levantei e saí com a dignidade intacta e ainda fiz a amiga da Mary, soltei um "qualquer coisa me liga".

Na volta, de bicicleta, eu ria compulsivamente. Talvez pelo nervosismo, ou pela situação insólita, ou pela minha inocência completa aos 32 anos. Agradeci a Deus por não ter sido forçada a um teste do sofá e por ter conhecido um suposto gangsta-pimp mais simpático possível.

Mas a saga continua! E o verão ainda nem começou. Certamente alguma coisa encontro por aí, que seja pelo menos remunerado e minimamente licito.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O verão chegou!


Posso estar comemorando antes do tempo, mas essa semana tem um cheirinho de verão no ar... Deu pra sair de vestido sem meia por baixo e não sentir nenhum ventinho frio. Escancaramos janelas, suamos andando de bicicleta, dormimos sem edredon.

Me faz recordar o que é viver no verão e daí deu saudades de casa. Da chuva que vem depois do calor abafado, de andar descalço nas ruas de terra batida de Caraguá, Ubatuba, Ilhabela, Parati, Ilha Grande. Do cheiro de jaca empesteando a trilha. Das cachoeiras de águas geladas e as pedras quentes. Dos passeios de barco, da transparência da água quente do mar, de ver os peixes, a exuberância do verde das árvores. Dos coqueiros. Da água de coco, abençoada. Dos petiscos à beira-mar. Das viagens com os amigos pra esses lugares, de ficar conversando na areia, no mar, de nadar junto, de fazer trilhas. Das picadas dos borrachudos, do pé inchado, da marca das tiras do chinelo. De tomar caipirinha e depois dormir embaixo da sombra das árvores, de parar em um PF e comer arroz, feijão e peixe. Da simplicidade dos locais. Dos cheiros todos, de protetor, de bronzeador, de after-sun antes de dormir, todos roxos, se doendo, se não tem Caladril, coloca Maizena!

Vivi isso a vida toda e de repente, tô em outro hemisfério, vendo outras paisagens. E sinceramente? Me sinto muito sortuda. Foi um presente ter vivido tudo isso.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Destinos sem glúten, aplicativos para celular e melhor blog sobre o tema até agora



Na semana passada recebi dois links de serviços para celíacos aqui na Espanha, que ainda não sei se me convenceram no quesito funcionalidade e veracidade. Ou seja, será que funcionam pra valer e será que entregam o que prometem?
O primeiro, um site de busca de destinos sem glúten, (http://www.destinos-singluten.com/index.htm). Hotéis, restaurantes, tudo para suas férias gluten-free. Até cruzeiros com a máxima garantia que a cozinha opere sem contaminação.
O segundo link que recebi falava de um aplicativo pra smartphone,  (http://zonatecnologia.es/novedades/aplicacion-para-celiacos-en-tu-movil), chamado MobiCeliac, que disponibiliza uma lista de produtos livres de glúten e onde encontra-los, seja em supermercados ou restaurantes. O aplicativo também dá informações atualizadas sobre a doença, novas descobertas e por aí vai.
Gostaria de testar esses serviços, mas não tenho tablet ou smartphone, uso coisas pouco smart no quesito tecnologia. Mas, se for pra valer, vai ajudar muito, mas muito mesmo, na hora de escolher um restaurante ou até mesmo um hotel para ficar. Experiência própria: em Paris, o hotel que fiquei não tinha opção para celíacos nem intolerantes à lactose. Em Londres, eles até tinham, mas eram mal informados. Colocaram bolinho com farinha normal ao lado do sem glúten com a plaquinha no meio dos dois. Ou seja, não dava pra saber. Se eu não tivesse perguntado, comia o bolinho com farinha de trigo. Em relação à companhias aéreas, a TAP foi perfeita, me fez todos os menus gluten-free, seguríssimos.

Mas se existe um lugar que é seguro mesmo para se comer livre de glúten é em casa. Então, melhor se cercar de dicas, receitas, blogs de pessoas que passam pelo mesmo que você passa diariamente. Não é uma vida nada fácil mas, tudo é questão de costume e conseguimos esquecer que temos que seguir uma dieta especial.
O blog Gluten Free Girl and The Chef http://glutenfreegirl.com/ é um desses blogs que você se apaixona por tudo, pela fotografia, pelas receitas, pelos próprios personagens e suas histórias. É de uma menina que descobre que tem a doença celíaca e um monte de intolerâncias e se casa com um chef. A partir daí ela começa a se dedicar a escrever sobre o assunto e ele a descobrir maneiras de cozinhar para ela. Juntos, escreveram muitos livros e têm esse blog delícia que sempre tem uma receita com uma história deliciosa de ler. Vale a pena ler o que ela conta, como a dieta mudou a vida dela.

Para mim, a luta e a busca continuam! Esse mês de abril fez um ano que diagnosticaram que sou celíaca e ainda tem tanta coisa para descobrir e mudar na minha dieta. Minha vida mudou para melhor mas ainda tem chão para eu desvendar tudo que existe sobre viver sem glúten.