sábado, 23 de abril de 2011

When in Lisbon...

Que delícia é estar em Lisboa.
Eu consigo matar quase todas as saudades que tenho do Brasil estando aqui. Comida brasileira, som do sotaque brasileiro, música brasileira, gente brasileira, manicure brasileira, essa, foi a salvação do meu feriado, enfim.... tudo da terrinha sem ter que ir até lá.
E, fora tudo isso, tem Portugal! Tem o vinho, os doces, o bacalhau em dezenas de pratos, tem o Tejo, o Bairro Alto, o Chiado, os bondes, a simpatia, a arquitetura. Enfim, Lisboa pode ser a cidade completa.
Li num artigo ainda essa semana, os melhores hostels estão aqui. Acho que as pessoas meio que não contam muito com Portugal na hora de tirar férias, preferem bater direto na rota Paris-Londres-Milão, mas o país investe muito em turismo de qualidade.
Tirando os prazeres de estar aqui, tem também a parte de que é a primeira vez em pelo menos 8 anos que não passo um aniversário com meus pais. Está sendo incrível, meu pai ama um passeio turístico, minha mãe ama um passeio de compras. Apesar da crise toda (Portugal tá falido e terá que receber ajuda do FMI), conseguimos comer fora, tomar um vinho, comprar um mimo, ir ao cinema. E todos estão fazendo o mesmo, a cidade está cheia, de locais e turistas, todos curtindo, comprando, aquecendo a economia.

Numa próxima temporada, não virei mais a Lisboa, meus pais se mudam ainda este mês para o Algarve, a costa sul de Portugal, com praias incríveis, considerada a costa azul daqui. O charme e a graça lá vão ser outros, mas acho que vou sentir falta de olhar e caminhar por essa cidade encantadora, que pode ser até meio decadente, mas é, sem dúvida, uma "decadence avec elegance".

domingo, 17 de abril de 2011

Saindo sem glúten e o dia em que todos vão se conscientizar



Fui a um restaurante essa semana passada chamado La Cereria. Fica no bairro gótico, aqui em Barcelona, uma zona muito antiga de ruelas meio medievais e o bar/restô tem um charme de taverna antiga. Antes de mais nada, não sei se já falei isso antes mas, desde que cheguei, a evolução da Catalunha em relação à conscientização da alimentação sem glúten foi enorme. Pode ser que cada vez eu conheça melhor a vida em Barcelona e encontre cada vez mais opções, mas não só isso, tenho visto nos supermercados de sempre que os produtos vêm trazendo a informação de "sem glúten" ou "contém traços de glúten".

Enfim, La Cereria. Clima de taverninha. Mesas de madeira, luz baixa (o que eu amo, odeio luz branca na cara na hora de comer, especialmente quando se está em casal). Cardápio, tchanananan. Avisos legais: a pizza leva trigo mas as crepes são feitas de trigo sarraceno, apto para os celíacos, muitas opções vegetarianas e muita salada. Enfim, mais um prato que achei que nunca mais ia comer, crepe. E sou super crepeira, tive meus momentos felizes lá no meu querido bairro da Pompeia, no Central das Artes, meu ponto de encontro de aniversários e afins.

Voltando a Barcelona, La Cereria. Crepe de abobrinha com cogumelo e queijo e veio com uma saladinha de lado. Preço médio, 10 euros. Tá ok, porque a crepe é grande. E com uma taça de vinho da casa, por 2,50 euros, o jantar está completo. Fora essas opções, pra não celiacos tem as pizzas, que são feitas com ingredientes orgânicos, sanduíches com pães integrais e para todos, as saladas. Foi um jantar bem feliz, até porque, pelo preço de uma coca-cola quase, tomei duas taças de vinho, o que é mais que suficiente pruma balzaquiana.

E hoje, passeando pela feira da Terra, que ia do Arco do Triunfo ao Parque da Ciutadela, muitas barraquinhas de produtos ecológicos e tinha a barraquinha também dos produtos sem glúten. Não comprei nada, mas tinham bolos, brownies, tortas. Fiquei morrendo de vontade e voltei correndo pra casa, porque a Priscila fez um bolo de cenoura com farinha e fermento sem glúten pra mim, delicioso. Outra sensação indiscritível da semana, comer um bolo recém-saído do forno, aquele cheiro de massa quentinha, que também pensava que nunca mais ia comer!

É por isso que digo, hei de comer um Big Mac sem glúten ainda. Daí sim minha lista de sonhos celíacos estará completa.

Servicinho:
La Cereria
Baixada Sant Miquel, 3-5
Bairro Gótico, BCN

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Córsega




Quando cheguei a Barcelona, vim para uma casa onde uma amiga já morava. Ela ia se mudar pra casa do namorado e ia deixar seu quartinho pra mim. Quartinho mesmo, ele deve ter 3x1,70. Mas, muito aconchegante. Difícil é receber visita, não rola colocar um "colchonetezinho" no chão, porque simplesmente não sobra muito chão livre!
De qualquer maneira, esse é o quartinho da Córsega. Chamamos assim o apê. Córsega é a rua que moramos, onde a zona é toda cheia de nomes como Sardenha, Sicilia, Nápoles, Provença, pertinho da igreja da Sagrada Familia, no bairro do Eixample (que eu amo amo amo e apesar de longe do centro, vale a pena morar!).
Meus companheiros de piso (apê daqui) são Diego, Loli e Cati. Todos argentinos, todos portenhos. O Loli e Diego são amigos de infância e a Cati veio por indicação de um amigo do Diego. Talvez por essa coisa toda de indicação, amigos de amigos e tal, parece que somos uma família e que nos conhecemos há anos. Eu acho que tem o fator identificação, por sermos sulamericanos, vizinhos, hermanos, passamos férias um no país do outro, essas coisas todas. Mas também tem o fator carência: tamos todos longe de casa e sem a família, por que não criar um núcleo familiar entre amigos?

Obviamente é muito dificil morar com outras pessoas e já disse isso aqui. Eu, por exemplo, vivi absolutamente sozinha por 8 anos, usando o banheiro na hora que bem entendesse e deixando a cozinha um caos pra faxineira fazer mágica no dia seguinte. Chegar e viver com dois meninos, uma menina e sem faxineira foi, mmmmm, duro (pra ser educada e não falar palavrão nesse horário). Mas... tem momentos que compensam muito, como o de ontem: chegar de saco cheio da faculdade por causa da entrega de um trabalho que tava péssimo e ver todos aqui, sentados na sala e interessados no que eu tinha pra contar e principalmente, interessados em ajudar.

É o que diz o ditado, conte suas bençãos. Não adianta a gente só olhar pro pior de cada situação. Eu estava nessa toada e isso me consumia, não queria mais viver com ninguém, estava pronta pra virar eremita no alto da montanha. Mas tenho certeza absoluta que a experiência Córsega me acrescenta mais a cada dia, tá me fazendo uma pessoa melhor porque aprendo coisas novas o tempo todo. Aprendo sobre mim, sobre morar com alguém, sobre dividir, sobre formar família.

Ah, o link lá de cima é um videozinho sobre a nossa casa Córsega, feito pela Cati de Feo, que é uma superfotógrafa.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Chegou a primavera, chegou abril!


Olha só que sorte. Na foto acima eu saí sem meias! E somente com um casaquinho! Feliz! Primavera chegou!
E chegou o mês de abril. Bom, além do inferno astral, eu já estava meio de bode de tudo. Aqui pode não fazer frio intenso mas é frio constante. Aquele ventinho frio soprando na sua orelha todo santo dia. E tem a praia. Vai na praia tomar um golpe de ar, uma golfada de areia nos olhos e aquela ideia linda de praia vira a hora do terror; prefiro chá e aquecedor.

Mas essa semana não. Desligamos a calefação da casa pela primeira vez em uns 5 meses. Abrimos as janelas por mais horas e o sol está batendo nos quartos, na sala. Dá pra usar camisetas. Hoje reparei num relógio de uma colega da classe e ela disse que o usa sempre. Obviamente eu nunca nem tinha visto seu braço.

O pesadelo Berlim está looonge, há longíquos 5 meses de distância e começo a ver as árvores florescendo, parece que de um dia pro outro tudo muda. Fora o santo horário de verão, totalmente diferente do que estamos acostumados do lado de baixo do equador. Você acorda as 7 da manhã é tá o maior breu. Mas pode ficar na praia até as nove da noite.

Aí que em 20 dias fico mais velha e tudo bem, já foi-se o tempo que eu chorava por isso. Melhor parar e contar as bençãos, são 32 anos de muita coisa boa. E quero pular sete ondas, já que é meu reveillon particular!