quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Amor incondicional e outras histórias

No aniversário de São Paulo escrevi o texto aqui e tentei homenagear a cidade no Facebook durante o dia. E acabei entrando em discussões sobre a relação amor/ódio, sobre como cada um vê a cidade, se deveríamos colocar ou tirar o "óculos cor-de-rosa", como diria uma amiga. Enfim, isso me deixou muito contente. Porque eu adoro discussões. É uma coisa dos meus genes, basicamente. Provavelmente não dos genes de Minas Gerais, esses estão por conta do tutu, pão de queijo e falar mansinho.
Mas eu acho que em discussões a gente sempre chega ao coração do assunto, tudo é discutido, as óticas todas, e claro, as vezes você concorda e geralmente você discorda. Mas pelo menos fizemos o exercício de levantar pontos importantes praquele assunto. Eu sempre me faço de ofendida pra quebrar a dinâmica, rebato com "você deve estar ficando doido!", mas é meu tipo de atuação no grupo. Muitas amigas minhas sacam esse meu jeito e riem da minha cara, mas alguns não entendem que eu tô me fazendo de louca mesmo. Quebrar a dinâmica é bom.
E falando nisso, a Gaia me presenteou com um video da Brene Brown falando pro TED (Santo TED) que vale a pena ser escutado e estudado. O link está aqui: http://www.ted.com/talks/brene_brown_on_vulnerability.html , se chama o Poder da Vulnerabilidade e nessa palestra ela fala sobre conexão, amor e a sua busca, e a de todos nós, para entrarmos em contato conosco e com os outros. E o quanto de coisas a gente coloca no meio dessas relações, de medo da vulnerabilidade, de como os outros nos vêem e como nos vemos e, por isso, nos escondemos atrás de comida, bebida, ódio, etc. Isso tem tudo a ver com o amor e compaixão em relação à sua cidade, a sua vida, a sua sociedade, ao seu vizinho... afinal, tudo começa na nossa aldeia.

E como estou nessa aldeia daqui, de Barcelona, tento praticar o que a Brené fala lá no TED desde antes de ter visto sua palestra, por isso o papo dela me tocou. O que ela diz é o seguinte: 1) Deixe-se ser visto como é, 2) amar de todo o coração, mesmo sem garantias, 3) praticar gratidão e contentamento, 4) e por último: eu sou suficiente,- quando você para de gritar para os outros e começa a escutá-los.

Eu ando tentando praticar isso aqui, sim, e pelas ruas! Eu saio de casa! Não fico só sentada pensando nos fatos da vida, okei? Dito isso, no próximo post eu vou falar da pizzaria com as massas gluten-free aqui do lado de casa, no Eixample, das lojas de chás dos chineses que eu ando frequentando e curtindo adoidada, numa delas a dona chinesa é maratonista e não deixa você tomar o chá errado na hora errada. (!!!)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

São Paulo, São Paulo



Eu não sei dizer exatamente porquê amo São Paulo. É uma cidade com tantos pontos negativos, tantos problemas, às vezes tão feia, tão dura, tão cinza. Mas a gente não explica o amor, né? A gente simplesmente ama.

Aí tento analisar as razões. Tem tanta gente que não gosta da cidade, não se identifica, não gostaria de viver aí ou nunca quer voltar, se está fora. E eu acho ela tão minha. Pensei no seguinte: eu sempre fui feliz em São Paulo. Aí nasci e fui criada, faz tanto parte de minha história que não posso joga-la às traças. Não fazemos isso com histórias felizes!

Obviamente que o fato de eu sempre ter vivido numa zona que me oferecia de tudo, estudos, trabalho, ócio, sem deslocamentos traumáticos, ajuda e muito. Luxo em São Paulo é viver perto de onde se trabalha e ter o mínimo de infra-estrutura para tudo. Eu (quase) sempre tive esse luxo. E minha vida foi bem difícil na única vez que trabalhei longe, em um bairro na outra ponta da 23 de Maio. Afe, o que era o trânsito voltando pra casa? Não tem metrô que chega! Ônibus lotado! Eu odiava aquilo!

E odeio São Paulo quando ela é assim, cheia de carros, cheia de caos, sem transporte público decente, sem escoamento de água da chuva, nosso problema de anos e anos... E quando o sol nunca mais aparece? Fica cinza por dias! E os motoristas mal educados na rua? Te atropelam sem dó. Quem tem carro é melhor que os pedestres e se o carro for grande, então, realeza britânica pelas ruas. Ô gente preconceituosa com tudo. Se você não vem de uma família com dinheiro ou nome, se não é filho de alguém, você não é nada. Arrumar trabalho, melhor que você tenha Q.I., o famoso Quem Indica. Porque se for pelo Q.I. real, pffffffff, esquece.

Existe um monte de coisas que eu odeio e que morando fora vejo que temos muito, mas muito mesmo, que melhorar. Temos que parar com a mentalidade de colonizados, somos muito recalcados e machistas. Temos que parar de reclamar se o presidente é nordestino ou da orientação sexual da nova presidente e arrumar o que fazer pra cidade realmente receber gringos com dinheiro na Copa. Vamos fazer de São Paulo uma Paris, Londres, que sabem receber turistas e enchem seus olhos com vida, informação boa. Acorda, paulistano!!!

Mas, claro, vejo beleza na minha cidade. A beleza que vem dos lugares por onde passou minha família, por onde passei. Amo passear pelo Bixiga, bairro que acolheu os Lombardi e onde nasceu meu avô. Amo passear pela Luz, bairro que acolheu os Donna vindos da Síria e onde nasceu minha avó. E onde os dois se casaram, então? Igreja da Consolação, que linda! Tem também a Vila Madalena, onde nasci, a Lapa e a Pompeia, onde me criei, pegando micose na piscina do Palmeiras. Inesquecível.

A gente vai pra Europa atrás de história e mal se dá conta que nossa cidade também te conta tanta coisa. Tudo em São Paulo tem razão de ser e de não ser, principalmente.

Amigo paulistano, um apelo. Vamos dar uma chance a São Paulo?

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

London London


Por que será que tem dias que eu simplesmente não consigo achar inspiração? Aí eu não escrevo, não leio, não estudo, não tricoto. Tudo que requer minha concentração eu estou descartando. Cinema, biblioteca, então... filmes? Nada. Nada!!! Viro puro vegetal.

Aí fui pra Londres neste final de semana. E eu achando que esta apatia ia me deixar meio "blargh, londres". E que nada. Me senti criança na Disney. Pisei na cidade e os olhos começaram a brilhar.

Sábado fomos pra Hoxton Square, Smithfields. Aí já comecei a enlouquecer visualmente. Quanta informação, quanta inspiração. As lojas, os cafés. Os restaurantes. Podia só entrar em restaurantes nessa viagem. Fotografei todos que via, porque além de lindos, eles te atraem com frases, cores, cheiros. Quase todos falavam em saúde, bem-estar, comida livre de agrotóxicos e especialmente, para mim: livre de glúten.
Sempre tem opção livre de glúten e todos sabem do que se trata quando eu perguntava. Um dos atendentes chegou a dizer que muita gente está abrindo mão do glúten por conta própria e eles estão sendo obrigados a mudar os cardápios. Seria Londres a minha cidade?

Bom, continuamos a caminhada, sempre, claro, fotografando, recolhendo flyer, observando coisas, para as práticas a apresentações na faculdade. Depois de Hoxton, Barbican Centre, para a expo de moda japonesa, que estava linda. Os maiores designers japoneses e seus desenhos e roupas mais memoráveis dos ultimos 30 anos.

Saindo do Barbican, fomos até a região da Oxford Circus e Picadilly Circus, onde vimos todas as lojas mais importantes do ponto de vista de tendências. Tudo está nessa região, tudo passa por essa região. Ladurée, Issei Miyake, os alfaiates de Savile Row, Lanvin, a incrível Fortum&Mason, Abercrombie&Fitch.... e essa é um episódio à parte. É a loja mais louca que entrei na vida. O que acontece é que você é recebido na porta por um menino e uma menina lindos, corpos perfeitos, e, à medida que vai entrando na loja, estão todos esses atendentes adolescentes perfeitos e lindos andando de shorts, chinelo e camiseta sorrindo pra você. Alguns dançando sensualmente à meia-luz. O ar perfumado, a calefação, o lusco-fusco e aquela horda de compradores ávidos por status e atenção te deixam um pouco zonzo. Experiência única.

Voltamos a Hoxton para a prática da noite. Observar a Londres da balada. Jantamos em um restaurante vietnamita, e tomamos um drink no bar do hotel The Hoxton. Mais gente jovem, alguns nem tanto, roupas curtas, camisas apertadas, a cidade está muito vaidosa e sempre exibindo as pessoas mais diferentes.

Domingo fomos para os mercados de Spitafields e Brick Lane. Te juro, quis morar em Londres. Mais e mais informação visual, quanta riqueza, quanta ideia bacana. Tudo parece ser possível. Mais atividade de coolhunter, abordamos pessoas na rua, conversamos sobre morar e estar na região, observamos, fotografamos. Deu tempo de dar uma corridinha no Tate Modern e analisar o espaço e encontrei uma amiga querida no caminho. De lá, infelizmente, hotel e aeroporto e saí da cidade com uma sensação boa de realização mas com pena de ter feito tudo tão rápido. A Inglaterra não é a mesma que morei há 13 anos e isso é ótimo. Vivi em uma Inglaterra muito menos globalizada, muito menos multicultural, intolerante e fria. Tanto tempo depois, vi uma cidade consciente, saudável, feliz. Recomendo e quero voltar logo!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Feliz 2011!



Nem em sonho eu imaginava o que estaria fazendo em 2011 quando tinha lá meus 11 anos na remota virada da década de 80 pra 90. O que eu sonhava então era nessa altura ser dona de casa dedicada, com pelo menos 3 filhos e ir à manicure toda semana. Te juro que era esse o meu desejo.
Não pensava em jornalismo ou produção editorial. Eu detestava working women, afinal minha mãe vivia trabalhando e nem fazia as unhas, porque a profissão dela não permitia.
Mas vinte anos depois, eu estou aqui, sem filhos, sem marido e sem casa pra cuidar. E olho pra trás e vejo tudo que realizei, e foi um montão de coisas. E ainda vou realizar um monte de outras mais nessa década que começa.
Como diria minha avó, maktub. Nossos caminhos estão aí para serem trilhados!