quarta-feira, 29 de junho de 2011

Discutindo o fracasso

Mais uma vez, graças à Gaia Prado, minha amiga, eterna companheira de apê e que sempre está em sintonia comigo nas coisas do mundo, encontrei vídeos interessantes que valem a pena espalhar por aí.

Dessa vez foi uma série de vídeos no VIMEO com as pessoas mais influentes do mundo da comunicação de hoje falando sobre o medo do fracasso. Então foram convidados o Milton Gleiser, Stefan Sagmeister (sempre ele), Paulo Coelho e muitos outros para falarem da sua ótica do que é fracasso e como eles fizeram para superar o medo de fracassar. Essa série é criação da Bergh's Exibition 2001, (que como a OFFF que aconteceu aqui em Barcelona), é uma conferência que reúne a maioria das cabeças pensantes e producentes para palestras e discussões sobre um tema específico.

Ouvir esses caras me ajuda muito. Pra começar, meus ídolos da vida: Milton Gleiser e Stefan Sagmeister. Fodões do design mas além de tudo, pessoas que expõem seu estilo de vida. Se não fosse pela conferência do Stefan no TED, eu provavelmente não estaria aqui. Eu me lancei numa vida oposta da que eu tinha porque um austríaco, designer e que curte tirar sabáticos para pensar melhor, me disse que era bacana. Eu me lancei sem medo de fracassar, afinal. E esse ano sabático foi sucesso total.

Agora que decidi não voltar, estou com uma dezena de projetos na cabeça que está na hora de botá-los em prática pra colher os frutos do que estudei, das tais sementes que plantei nesse inverno. E bora não sentir medo de fracassar, a fórmula tem que ser igual à anterior, é pra frente que se anda.

Vale a pena escutar esses caras, fuçar nessas páginas, pra injeção de ânimo, pra entender que todos esses caras são o que são porque se lançaram pro desconhecido algum dia.

domingo, 26 de junho de 2011

Sant Pol de Mar




Os imaginários têm dessas. Uma prainha de pedrinhas e não areia, com um mar de vários tons de azul, com água tão transparente que você pode ver tudo de cima e debaixo d'água. Ao redor, casas pintadas de branco, subindo por ruas apertadinhas de paralelepípedo. É assim que eu imaginava as cidades de praia do Mediterrâneo e foi assim que vi Sant Pol de Mar.

Já fui três vezes em diferentes épocas do ano. Fomos em março, em abril e agora em junho. Da primeira vez ainda fazia muito frio. Fomos à praia e não aguentamos o vento. Da segunda, já de biquini, mas sem coragem de entrar no mar. Ontem fomos de farofa, canga, biquini e tudo que tínhamos direito para passar o dia olhando pro oceano. E sempre terminamos o passeio com uma paella, afinal, o melhor lugar pra se comer marisco é à beira mar.

Pra chegar lá, imagine aquele passeio de trem ladeando a praia, e vem aquele momento em que só há rocas e parece que vamos cair do trilho prum mergulho. Descemos na estação já quase prontos, não precisa andar muito pra encontrar seu lugarzinho ao sol. Ou, do outro lado do trilho, a cidade oferece seus restaurantes e um passeio pelas ladeirinhas. E só a quarenta minutos de Barcelona sentido Mataró.

No verão, vale a pena sair um pouco de Barcelona, porque de verdade, a cidade não tem as praias mais bonitas e é meio pecado dizer que isso aqui ô ô é um pouquinho de mediterrâneo, iá iá. É gostoso, óbvio, estar lagartixando em suas praias. Mas pra admirar, hay que tomar un tren!








terça-feira, 21 de junho de 2011

"Passar de ano" e seguir em frente

Sábado passado apresentei meu trabalho final de curso para os professores. A tal fragrância da Hermès.
Cara, eu fiquei com as pernas bambas, achei que ia começar a fazer xixi na calça (desculpa a expressão, mas era realmente o que eu sentia), achei que ia pagar o maior mico.
Bom, foi que apresentei e aí rola aquele momento de esperar pelas críticas. Eu esperava coisas como "ah, o design tá incrível, óbvio que se trata de um profissional, mas a idéia, tsc. tsc". Claro, a ideia e o storytelling eram basicamente meus e eu já estava me pichando por dentro. Mas não. Os comentários foram muito mais positivos. Aliás, foram incríveis, variavam entre conciso, brilhante, bem feito, e por aí vai. Fiquei muito, mas muito feliz. Dar um desfecho quase perfeito para algo é muito satisfatório.
E daí eu pensei que tudo que termina, podia sempre terminar feliz, né? Ou com um final minimamente satisfatório. Namoros sem um machucar o outro, sem ódio, sem rancor. Demissões sem aquela coisa de "já vai tarde, leve suas coisas até amanhã ao meio-dia".

A verdade é que tenho tentado aplicar para quase todas as coisas as lições da Brené Brown e que vou de coração aberto, dando o meu melhor, pra tudo que eu fizer. Se deu certo, como o trabalho final, vou ser muito feliz. Se não der tão certo assim, se eu amar mais do que sou amada, se não me contratarem praquele trabalho superbacana, bem.... estarei sempre tentando. Um dia sou sim correspondida, um dia vai sair o trabalho dos meus sonhos. O segredo tá na paciência e na sabedoria de manter o peito aberto e cheio de amor, não de rancor. Eu tento me alegrar na experência de ter vivido isso ou aquilo. Foram momentos únicos que me enriqueceram. E não adianta ter saudade, ok? Saudade é bom, mas não pode guiar a sua vida nem suas escolhas. Geralmente temos saudade de tempos que já passaram e exatamente por serem passado, nunca existirá igual.

Eu lembro de um carnaval em Caxambu. Um dia, voltávamos pra casa metade do grupo e paramos em um bar pra comer uma canja (sim, é Minas Gerais, gente) e o barzinho tinha um cara tocando violão e cantando, no palco. Não lembro exatamente porquê, mas dois amigos subiram para cantar com ele, e uma dançava no palco. Eles fizeram a diversão da madrugada de um barzinho que estava aí pra servir canja e nós, sentados na mesa, ríamos da situação insólita de uma noite divertida de carnaval. Isso foi no primeiro dia. Nunca mais conseguimos encontrar aquele bar pra levar o resto da turma, por mais que tenhamos procurado muito. E se tivessemos encontrado, não ia ser tão divertido como foi daquela vez.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Enquanto isso, na Catalunha...

Neste momento, muita coisa acontece em Barcelona. Na minha vida e na cidade inteira.

Pra começar, comigo mesma. Istambul foi uma viagem incrível onde tinhamos que tirar inspiração pro nosso projeto de final de curso, que consiste em: criar uma fragrância (real) para a Hermès de uma de suas linhas de perfumes. Temos que fazer toda a concepção gráfica, palheta de cores, música e voz de publicidade, publicidade online, de revista, enfim.
Aí que, afortunadamente, tenho parentesco com um dos melhores designers de packaging do Brasil, o Daniel Innarelli. Os professores num tavam realmente pensando que eu ia fazer uma aquarela à mão e passar pro meu PC sem photoshop, sem memória, sem vida, sem nada, sozinha, né? Trabalhamos juntos as ideias, eu fiz o storytelling do produto e a concepção geral e afinamos juntos pra criação gráfica ser feita por ele. A apresentação é amanhã. Gulp.

Ainda na minha vida e que tem a ver com a cidade. Começou ontem o Sónar, festival de eletronices (música eletrônica, congressos de mídia e música 2.0...). Ontem mesmo fomos, eu e Tati Tacla e aproveitamos de tudo que nos ofereceram. Começamos pegando a credencial e fizemos um giro por todos os palcos, para nos situarmos. Nesse passeio, fotografamos muita gente. Definitivamente a música era um mero detalhe, as pessoas estão cada vez mais loucas por serem vistas. Tinha uma dupla de amigos vestidos de maratonistas dos anos 80 que não só escolheram seu melhor ângulo como atuaram para serem fotografados. Um fingia correr, outro, alongar. Anos 80, anos 80, anos 80. Me senti tão ultrapassada por não vestir retrô, nem ter feito nenhum penteado, nada. Passamos pelas conferências de novidades da música, de aparatos eletrônicos, de mídias. Passamos por dois shows, um do Nicolas Jaar e outro do The Brandt Brauer Frick Emsemble. Geniais. O último especialmente, porque era uma orquestrinha com harpa, violino, violoncelo, percussão. Pra mim, que sou totalmente leiga em música eletrônica, ver todas essas propostas é interessantíssimo.

E aqui na cidade de Barcelona, segue a luta dos Indignados acampados na Praça Catalunha. Eles tentaram recentemente entrar no Parque da Cuitadella, onde fica o Parlamento Catalão, para impedir a entrada dos deputados. Eles reinvidicam um monte de coisas mas fundamentalmente ecoam o apelo para uma Democracia Verdadeira (real).
E, como em todas as partes do mundo, a partir do momento que eles "ameaçaram" o governo, a polícia entrou em ação. Eu estava vindo da praia essa semana e passei em frente. Havia um cordão de policiais em todo o contorno do parque, separados uns dos outros por 2cm. O ar era tão tenso, o silêncio podia ser visto e tocado. Um menino grafitava no chão um Smile para cada soldado, acompanhado pelos olhares de todos os mossos d'Esquadra. Parecia aquela parte do Billy Elliot em que a polícia persegue o irmão do Billy por ser um líder sindical chegado a um riot. Mas, uma das coisas mais comentadas, foi a entrevista do Eduardo Galeano, jornalista/escritor uruguaio, que esteve por aqui acompanhando a acampada BCN de perto. Todo o mundo postou e virou fã dele de cara. Vale a pena perder 10 (!!) minutos pra escuta-lo.