terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Top 10 Barcelona


Apesar de ter uma turma achando que tô muito ligada ao Brasil, que não consigo desconectar-me, que fico querendo saber coisas demais da vida de lá, eu tô de fato, curtindo Barcelona adoidado. De repente menos do que poderia, mas mais pelo fator grana. Por mim exploraria a Catalunha detalhadamente, faria todos os cursos de cava (espumante local), bebida que sou fascinada, pelos rincões dessa província.

Mas, como a bicicleta aqui é free, desde que já paguei a anuidade, saio com ela pela cidade e cada dia encontro coisas novas. Decidi assim, fazer meu Top 10 coisas que adoro daqui e que assim possa animar o pessoal a vir me visitar.
A propósito, não é perda de tempo querer ter quem eu amo mais perto por alguns minutos do dia. Querer saber como está, contar de mim, trocar energia um pouco. Me ajuda a recarregar minha bateria e me faz sentir feliz. Felicidade está em muitos pequenos momentos que tenho aqui, virtuais ou reais.

10. O ritmo de vida.
Barcelona e creio que toda a Espanha, tem um ritmo de vida delicioso. Ninguém tem pressa em demasia, ou pelo menos não aparenta. Muitas lojas fecham por 3 horas durante o horário de almoço e eles respeitam muito o descanso. Seja na siesta, seja no verão- quando saem todo um mês.

9. A gentileza.
Claro que sempre vai existir gente mal educada no mundo. Isso às vezes transcende a questão cultural. Mas aqui é muito importante dar bom dia, boa tarde, boa noite em qualquer lugar que esteja. Se você está sentado em uma recepção de hospital e alguém chega pra sentar, tem que saludar. Especialmente os mais velhos. Já levei bronca por isso, por ser desligada.

8. O transporte público.
Aqui funciona. Os trens podem ser antigos, mas não vejo ninguém detonando nada, todos fazem sua parte esperando que as pessoas saiam do metrô pra entrar, os horários são respeitados, as linhas extensas e além de metrô, você chega de ferrocarril, tramvia, ônibus, etc. facilmente. Cidade pequena e que oferece um monte de opção pra chegar onde for.

7. A arquitetura.
Barcelona é o céu dos arquitetos. Andar pela rua e se pegar ao lado de um prédio histórico desenhado por qualquer um dos modernistas locais é muito bacana. Sem falar da experiência Gaudí, que serve pra outro tópico. Aqui tem prédio de todos os jeitos e de várias épocas. A Vila Olímpica, feita pras Olimpíadas, também é linda de se ver. Deu muito certo e fico imaginando se teremos essa experiência no Rio. Acho que talvez não, infelizmente.

6. O f#$&#! do Gaudí.
Todo mundo que vem e visita algum lugar do Gaudí, pira. Ele era um pertubado. Mas um pertubado muuuuito do bem. A Roberta pode dizer melhor e detalhadamente, ela ficou aqui por 80 dias estudando um livro que se chama a Chave Gaudí, que desvenda os mistérios arquitetônicos dele. A Sagrada Família, o Parc Guell e muitos outros edifícios projetados por ele têm um monte de simbologia. Fora a beleza. Mesmo pra quem não entende nada de nada é lindo demais ver o trabalho e a paixão do cara.

5. O Sol.
Aqui raramente chove e, pra uma paulistana, isso pode ser o paraíso. Caminhar mesmo no inverno por ruas ensolaradas te dá outro ânimo.

4. O fator praia/horizonte.
Nem tem comparação com o Brasil. As praias aqui da cidade não são liiindas, não posso mentir e falar que aqui é tão lindo quanto Maceió, Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro e todas as cidades capitais que têm praia que conheço. Algumas praias da cidade são criações, trazem areia do fundo do mar e colocam na beira. Não tem a areia branquinha do Rio. Mas tudo bem. Aqui se vê montanha e praia e se vê natureza. Que SP não tem. Tô mega no lucro.

3. Gràcia.
Digo a todo mundo o quanto me encanta esse bairro. Ele me remete a meu bairro paulista e por isso gosto tanto. Eu sou menina de vila. Gosto de um lugar com ruas bonitas, arborizadas, comércio perto, cinema, gente que se conhece, crianças brincando no parquinho. Bares familiares para se frequentar todo final de semana. Um quê de casa que me faz bem.

2. A liberdade.
A primeira coisa que me chamou atenção aqui. As pessoas não te julgam, não tem olham feio, não te odeiam primeiro pra depois te conhecer. Não tem cara feia no metrô porque você se vestiu de forma estranha. Quem vem julgando é o brasileiro que acha o cabelo da catalã esquisito, os mullets cafonas e por aí vai. Acho que realmente as pessoas aqui olham mais pro horizonte, pro sol, curtem o dia e se esquecem de falar do outro. Ponto pra Catalunha.

1.Bicing! 
Pra quem nunca ouviu falar, aqui tem um sistema de bicicletas para os moradores da cidade. Tem que ser morador, turista não pode. Então o que fazemos é nos cadastrar no site, colocar o RE/RG daqui e pagar uma taxa de 30 euros para ter o serviço por um ano. Te enviam um cartão magnético para sua casa e você pode ir a estação mais próxima, colocar o cartãozinho no visor e aparece qual bicicleta estacionada se pode retirar. Acho que é possível circular com ela por uma hora e daí é só deixá-la na estação que quiser. Eu uso muito para ir a faculdade, à praia e às vezes até pra balada. A cidade tem ciclovias marcadas nas ruas ou nos passeios que separam avenidas. É seguro e os motoristas te levam em consideração, na maioria das vezes!

Eu fui lembrando de tanta coisa que acho que daria um Top 200 Barcelona. Pra quem quer conhecer mais da cidade, ou do estranho amor que temos por aqui, vale dar uma olhada no video do Lucas Jatobá que virou moda. É um cara que agradece à Barcelona pelo tempo maravilhoso que passou aqui soltando balões com convites grátis ao teatro. O vídeo está aqui: http://www.lucasjatoba.com/

Vale a pena sentir essa energia daqui, tá enchendo meu coração de amor, minha cabeça de ideias e meus dias de sol. Eu estou muito bem na vida real, e agradecida à virtual por me aproximar de quem amo e mora longe...









segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O inverno, os ursos e a saudade

Eu me sinto muito ursa aqui. Querendo hibernar, guardando energia pro verão, fazendo toca.

A verdade é que me sinto muito bem em casa, mesmo dividindo o apê com outras quatro pessoas, o que às vezes pode ser muito cansativo ter que dividir banheiro, cozinha, comer junto quando você quer comer sozinha, e por aí vai. Mas ao mesmo tempo tem a parte de conversar na hora do jantar, contar seu dia, ter ajuda na hora de cozinhar, lavar louça, sempre tem o que se propõe a fazer o cafezinho...
Então, às vezes sinto que não preciso sair de casa. Barcelona é incrível e a experiência de sair pra rua é quase mágica todas as vezes, mas tem dias que precisamos ficar entocados. E tenho muito isso. Já tinha em SP mas aqui, com o friozinho constante, ficar debaixo da coberta vendo filme é uma proposta irresistível. Hoje vi Somewhere da Sofia Coppola e tenho mais alguns guardados na manga. Durante a semana, revi O Iluminado. Ótimas companhias, os dois filmes. Claro que o segundo te pertuba um pouco, mas ver Jack Nicholson é demais.

Daí que bate uma saudade de casa no frio. Eu acho que além da saudade física de ter as pessoas perto tem a sensação de pertencimento. Obviamente que a coisa mais legal de morar fora é essa coisa de encarar novas culturas, aprender o tempo todo, conhecer e explorar. Mas tem dias que você só queria sentar numa mesa de boteco no calorzinho e pedir uma caipirinha com mandioca frita e ver os amigos chegarem.

No final das contas, (e faço contas o tempo todo aqui), eu ainda considero meu saldo muito, mas muito positivo. Essa vida que escolhi tem a ver com o meu momento, estar aqui faz todo o sentido pra mim. O caminho que trilhei até agora foi feito pra essa experiência. Se eu tivesse recuado ia ter ficado no famoso "e se...", totalmente frustrada.

Pra quem tá na dúvida: sair da zona de conforto vale a pena. Mas dói. O que a gente tem que pensar é se a dor da mudança é maior ou menor que a dor da frustração e estagnação. Fazer as contas e botar na balança. Sai da vida que não te pertence pra cair na vida que vale a pena ser vivida.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A felicidade de comer pizza de pizzaria



Não sei se vocês têm ideia. Se alguém já se privou involuntariamente de alguma coisa (no quesito comida) e depois teve o prazer de poder come-la sem medo. Com gosto. Com sabor e tudo.

Eu tive aqui em Barcelona. Uma amiga está trabalhando de camarera (garçonete) em um restaurante italiano e veio toda feliz me contar que eles estavam implementando um cardápio para celíacos. Me contou do cuidado com o preparo ser todo separado da massa convencional, e também de como o dono está preocupado em instruir bem todo mundo que trabalha lá, para que saibam o que leva cada coisa, se o celíaco pode ou não pode comer, enfim.

Eu fui duas vezes e realmente me emocionei em poder comer uma pizza de verdade. Até agora eu tinha comido invenções de pizza, pizza feita com pão sem glúten, essas montagens duvidosas só pra fingir que se está comendo o mesmo que todos. Lá não. É só chegar e pedir o sabor que eu quiser e pedir a versão sem glúten e voilá, como igual a todo mundo. Posso pedir também cerveja sem glúten, a Estrella Damm Daura - afortunadamente a melhor cerveja sem glúten é feita nesta mesma cidade - ou vinho, cava. Sobremesa, também versões para celíacos, como pannacota.

Supreme happiness. Aí sim a gente vê que a vida é feita de momentos! Próximo teste será o mexicano com versões para celíacos. Aposto que será delicioso.

Servicinho:
Restaurante Il Piccolo Focone
Carrer Dos de Maig, 268
Metro: L2 Encants