sexta-feira, 25 de março de 2011

Façamos, vamos amar

Quando eu fui estudar na Inglaterra em 1997 eu tinha 17 anos e basicamente não sabia nada da vida além do bairro onde eu morava, estudava e onde tinha meus únicos amigos da vida toda. Daí fui morar com uma família inglesa que eram mãe, dois filhos de 5 e 7 anos e uma estudante japonesa de 28 anos. Os meninos de cara subiram no meu pescoço, competiam pela minha atenção, pegavam na minha mão para me mostrar a casa, enfim, crianças normais. A Sanae, a outra estudante, já estava na casa havia uns meses e ria, educadamente com as mãos à frente da boca, de toda essa excitação dos dois. E me confidenciou naquele momento que achava esquisito eu abraça-los de volta com tão pouca intimidade, porque de onde ela vinha, ela nunca abraçava as pessoas, nem mesmo seus pais, e que o primeiro beijo que ganhou foi no rosto, e lá mesmo, na Inglaterra.

Ok, parece mentira, mas não é. A gente tem que levar em consideração que a Sanae era uma pessoa muito fechada, independente da sua criação. Ela se vestia somente com roupas de inspiração romântica, cores pastéis e temas florais, porque ela acreditava realmente viver num filme do século 18. De qualquer modo, ela foi de longe minha melhor amiga nesse meu período, porque apesar de sermos muito diferentes, aprendemos muito uma com a outra e consegui fazê-la abraçar mais as pessoas, e ela conseguiu me fazer ser mais respeituosa com quem quer que seja, incluindo gatos. (Eu não gostava deles na época).

Aqui, eu tive uma outra experiência com o abraço. Uma colega catalã não tinha aparecido na aula por uma semana e quando a vi, fui lhe dar um abraço. E ela ficou roxa, simplesmente não esperava que eu fosse abraça-la. Começou a rir compulsivamente. E me disse: desculpa, não esperava por essa. E eu que tive que me desculpar por ser latina demais, sair abraçando pessoas assim, que conheço há apenas 5 meses... Mas o engraçado foi que, a partir desse dia, ela se sentiu mais próxima e me contou coisas suas, agradeceu o apoio, me abraçou mais vezes. Coincidentemente, no mesmo final de semana que aconteceu isso, encontrei pessoas na praça da Notredame distribuindo abraços de graça e quase ninguém ia abraçá-los.

Com isso, me lembrei muito de uma amiga de escola, a Dafne, que me dizia que tinhamos que nos abraçar de verdade, com proximidade pra conectar os corações. Te digo que sinto muita falta de abraços de verdade aqui mas que, felizmente, posso trocá-los cada vez com mais frequência. E que é desse amor que eu estou falando quando falo de amor. E não só o romantismo do amor da relação homem-mulher. Eu acredito, eu, Tina, pessoa física, que realmente abrir o coração e amar transcende o "encontrar sua alma gêmea". Aliás, não tem nada a ver com isso. Tem a ver com a oportunidade de distribuir abraços e mudar o dia de alguém, a vida de alguém, como acho que a vida da Sanae mudou depois da passagem dela pela vida daquela família. Eu sinceramente não sei se vejo a vida de forma romântica. Acho que vejo a vida com afeto. (e com açúcar - http://www.youtube.com/watch?v=V-u8WZBcn6w&feature=related).

terça-feira, 22 de março de 2011

sexta-feira, 18 de março de 2011

... e assim foi Paris!

Final de semana passado finalmente fui a Paris para a prática 4 da minha pós. Agora, só falta Estambul que vai ser uma loucura. O trabalho de fechamento de curso, quase no começo de junho, vai estar um calor delícia e estarei na Turquia aproveitando tudo isso.

Paris. Bom, todos sabem que eu tinha aquela impressão de franceses degradados e ladrões metidos a espertinhos e que a minha primeira experiência foi um tanto assustadora. Mas essa segunda não. Não tanto.
Paris é Paris, né? Não é uma das cidades mais visitadas e famosas do mundo à toa. Diferente de Londres, Paris não quer ser moderninha. Ela quer manter o rococó, o neon, o clima Moulin Rouge. Ela quer se manter tradicionalmente francesa apesar de sua multiculturalidade. Então, me surpreendi um pouco com a mudança de cenário, com a riqueza visual, com tantas luzes, com tanto show. Cidade do espetáculo.
Pra começar, ficamos hospedados atrás das galerias Printemps e Lafayette, lá em St. Lazare. No sábado, fizemos o recorrido em grupo (somos 18) pelas maiores lojas, pela loja central da Chanel, onde as costureiras trabalham, na Comme des Garçons, Missoni, Baccarat, e as especializadas em comida Hediard, Fauchon, Ladurée. Vi pela primeira vez um bandage dress de Leger. Na parte da tarde, nos dividimos e nosso grupo foi pesquisar as opções de patisserie em Le Marais. Até encontramos uma loja de crepes japonesa com tema meio de mangá no bairro.
Depois, conseguimos escapar pra dar uma olhadinha na Notre Dame, Louvre e voltamos pro hotel a pé. Essa cidade é realmente muito romântica! Ela é feita pro romance. E os cafés? Sempre cheios, pessoas bem vestidas querendo ser vistas.

E domingo foi uma passada (no sentido espanhol). Nos dividimos de novo e meu grupo tinha que cobrir a Biblioteca Nacional François Miterrand, Les Frigos e a Cinemateca. E tinhamos que cruzar pela passarela Simone de Beauvoir.
Piramos no Les Frigos. Um prédio inteiro que antes era usado como frigorífico da cidade, cheio de cãmaras, que agora são usadas como salas e ateliês para artistas, que pagam um aluguel à prefeitura. Entramos na câmara de um desses artistas, chamado Paella, que nos mostrou tudo. Lá tem espaço para o que você precisar, até pra ter um quarto e dormir. Tem cozinha, banheiro e janelas. A luz entra lá e deixa tudo ainda mais charmoso.

É tudo sempre muito rápido porque além de querer ver a cidade, temos que colher material para nossos trabalhos. Mas esses trabalhos nos forçam ver a cidade por outro ângulo e isso é simplesmente genial. Deixar de ver as coisas como turista e começar a enxergar os pequenos detalhes de comportamento e como vivem os locais, o que fazem na sua cidade, no seu entorno. E isso que está mais valendo a pena pra mim ♥.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Comprando sem glúten nos mercados de BCN



Primeiro momento: Euforia total. Amor à primeira vista. Nuossa, quanta opção, quanto respeito, adoro estar num país de "primeiro mundo".
Segundo momento: Nem tudo é saboroso, os preços podem ser um pouco salgados e nem tudo é bem sinalizado na embalagem se contém ou não glúten.
Terceiro momento: Realmente não dá pra comprar algumas marcas, seja porque o macarrão demora horas pra ficar pronto, seja porque o pão é simplesmente ruim. Preciso testar mais marcas e mais pontos de venda.

Momento atual. Hoje, um dia ensolarado de março na Catalunha. Exatos cinco meses depois da minha chegada. Visitei todas as maiores redes de supermercado e vários mercadinhos de bairro para saber qual marca eu gosto mais, quais têm a melhor relação custo/benefício e qual lugar vende com maior variedade.

Então, pra mim, por enquanto é o seguinte. Mercadinhos naturebas, que existem aos montes por aqui, vendem um apanhado de todas as marcas como Schar, Gerblé e Beiker. São mais caros do que em supermercados. Vale praquele momento de correr até o mais próximo pra comprar o pão que acabou, mas não valem pra compra pra semana toda. O Woki Organic Market tem toda a linha Schar, completíssima, com cereal matinal, bolachas recheadas, macarrão, pão, panini... Mas custa os olhos da cara.

Dos mercados médios, de rede que não são super, eu gosto de comprar no Caprabo, que especifica tudo na prateleira mesmo. E só lá que encontro uma linha de biscoitos de arroz incríveis da marca Want-want.
O Opencor, irmão menor do El Corte, também tem coisas boas a preços médios, como as madalenas da Beiker, o pão de forma mais delicioso mas que só existe no formado embalado individualmente da Santiveri e as pulguitas, pães que parecem o nosso francês, que podem ser ou da Auchan, ou Adpan.

E o vencedor de todos é mesmo o supermercado Mercadona. Nem o Carrefour conseguiu ser tão completo quanto. Eu me decepcionei de verdade com a rede francesa. Esperava um mundo sem glúten e encontrei um par de prateleiras. O Marcadona vende marcas variadas, produtos variados e sua marca própria, o Hacendado, traz nos rótulos as especificações de alergias e intolerâncias. Além de ser de longe o mais barato.

No final das contas, eu acho que no Brasil as coisas eram caras, mas mais criativas. O pão de tapioca, ou o pão de cenoura, eram mais saborosos do que os pães que encontro aqui. No Brasil também há opções de snacks mais saborosos. Deve ser por isso que engordei 5 quilos no primeiro mês de descoberta da doença! 



terça-feira, 8 de março de 2011

Aquecimento Paris II

Eu estou de verdade me dedicando a conhecer a cidade antes de ir. Aprendendo com os erros anteriores, totalmente. Eu cheguei em Berlim sem saber absolutamente nada, tive que andar com meus colegas como uma cega com guia.
Em Londres já consegui ser mais desenvolta, mas perdi tempo em otimizar os lugares por falta de estudo de mapa. Agora, quero saber cada esquininha imperdível antes de ir.
Pra ajudar, encontrei um blog fofura que fala de tudo sobre Paris, moda, comida, bares, cultura e até temas insólitos. É o My Little Paris http://www.mylittleparis.com/ , que tem as ilustras mais lindas, tudo muito parisienne.

Ainda sobre Paris, também vi um doc que está no Youtube que se chama Signé Chanel. São 5 episódios, cada um dividido em 4 partes. Cada episódio fala de uma etapa pré-desfile de coleção Chanel. O mais bacana não é saber sobre o Karl Lagerfeld somente, como também conhecer todas as formiguinhas dos bastidores, das curiosidades. A parte que mais me interessou foi saber que quem faz o trançado pra gola e mangas dos tailleurs é uma senhorinha que vive numa fazenda a 130 km de Paris e a Chanel já enviou mestres em tear para aprender a técnica com ela e ninguém consegue. Só ela sabe!
Enfim, recomendo, tá no Youtube, facinho.

sábado, 5 de março de 2011

Aquecimento Paris



Próximo final de semana vou com a turma da pós para Paris.

Como sempre, serão dois dias apertados em que faremos entrar mil práticas e atividades de observação exaustiva. Essa coisa de analista de tendências te faz virar uma máquina. Não posso dormir sem pensar na próxima da Lady Gaga.

Eu estou muito otimista em relação a visitar Paris. A última vez foi em 1995, muito século passado. Fui roubada e maltratada. Eu fiquei com ódio no coração por muito tempo, tanto que nunca mais voltei. Mas passou e obviamente preciso revisita-la. É Paris, porra! E nada de sentimento de supervalorização em relação à Europa, eu não acho que nasci em Londres.
 É só que antes da gente existir eles já tavam lá fazendo as coisas acontecerem, Joana D'Arc já tinha botado o meio mundo de cabeça pra baixo. É Paris, porra. Fauchon, Ladurée, Colette, Hédiard. Montmartre, Le Marais, Saint Germain, Quartier Latin, Bercy. Louvre, Orsay, Palais de Tokio.  Quero tudo!